A possibilidade da Presidente Dilma Rousseff, suspensa do cargo nesta quinta-feira, 12, reassumir o Governo brasileiro depois dos 180 dias de afastamento é praticamente inexistente.
A opinião é de analistas brasileiros que também levantam dúvidas sobre o Governo de Michel Temer.
Dos 78 senadores presentes no Plenário, 55 votaram pela admissibilidade da abertura do processo de impugnação e 22 votaram contra e este é primeiro aspecto a analisar de que com o cientista político Malco Camargos.
"Aqueles que defendiam o afastamento da Presidente Dilma conseguiram um voto a mais não do que necessitavam hoje, mas sim do que precisará para fazer o julgamento definitivo dela em até 180 dias. Ou seja, uma estabilidade, uma previsibilidade muito grande. A possibilidade da Presidente Dilma retornar ao cargo é muito baixa, praticamente nenhuma”, disse.
Sobre o Governo de Michel Temer, Camargos chama a atenção pela falta de previsibilidade na conduta das políticas.
Nos últimos dias, diz, o que tem ocorrido é exactamente o contrário do que prega a base do seu partido PMDB.
“De outro lado resta saber em qual direcção vai o Governo Michel Temer. A palavra-chave desse Governo que tem sido dita é a previsibilidade, ou seja, a capacidade de antever acções. Agora nesse sentido, nas últimas semanas tivemos péssimas notícias. O Governo buscava fazer um conjunto de notáveis, mas acabou optando por um ministério político e a partir dessa construção vários nomes foram trocados nas últimas horas. Nomes que foram anunciados e substituídos a partir da repercussão seja da classe política, seja dos liderados por ela. Ou seja, um cenário um pouco imprevisível para quem prega tanto a previsibilidade”, ressaltou.
Desta forma fica uma interrogação sobre a conduta de Michel Temer nos próximos meses, questiona o especialista.
“A grande dúvida é em qual direcção Michel Temer vai seguir no sentido da reorganização da máquina pública, no que se refere aos cortes no gasto do orçamento. Qual será a parte mais penalizada? Não há dúvidas que na situação económica que o Brasil está neste momento todos nós iremos sofrer, dos mais ricos aos mais pobres. Cabe ao Governo orientar quem sofrerá mais e nesse sentido o Presidente pode optar, por exemplo, por alterar a carga tributária que afecta os mais ricos ou alterar os direitos trabalhistas que afectam os mais pobres. Neste sentido vai depender também da resistência que eles vão ter das ruas. Se ele optar por determinadas políticas pode deixar os movimentos sociais mais enfraquecidos. Agora, se ele for mexer com direitos mais estabelecidos ele pode enfrentar um movimento social muito mais organizado. Coisa que o PMDB não está acostumado e será a grande bandeira do PT para enfrentamento durante o período que estiver na oposição”, concluiu aquele analista.