Os brasileiros já estão em ritmo de carnaval a dois dias do início da maior festa popular do país. De amanhã até à manhã da quarta-feira,dia 9, o Brasil será invadido pela música, desfiles das escolas de samba, blocos de rua e bailes carnavalescos em clubes.
A festa acontece no país inteiro, sendo que os desfiles das escolas no Rio de Janeiro foram os que mais ganharam popularidade no exterior. O tradicional evento, que fez o Brasil ser conhecido em grande parte do mundo como o “país do carnaval”, adquire algumas particularidades, dependendo da região do Brasil. No entanto, carrega características únicas ao longo do país de dimensões continentais. Em qualquer local do território brasileiro, a partir de sábado, homens, mulheres e crianças vão às ruas para celebrar a alegria, o prazer e a diversão. O costume tem em suas origens mais um legado dos negros africanos escravizados no Brasil. “O estilo e a música do carnaval surgiram com a raça negra, desde as senzalas até os dias de hoje. O fim da escravidão e a chegada da cultura negra nos grandes centros, como o Rio de Janeiro, têm relação com a festa”.
O carnaval nas terras brasileiras nasceu no ano de 1723, quando os portugueses trouxeram para o Brasil o “entrudo,” manifestação de rua que misturava escravos e portugueses, antes da Quaresma, data do calendário católico. Em 1840, aconteceu o primeiro baile de carnaval no Rio de Janeiro, mas a festa tinha características, como a música, do carnaval na Europa. Já em 1889, a compositora Chiquinha Gonzaga mudou a história criando a música “O Abre Alas”, marchinha de carnaval cantada até hoje. A composição é considerada o marco do início do carnaval com o jeito brasileiro.
No fim do século 19, na tentativa de organizar negros e brancos nas ruas começaram a existir os chamados “cordões’, que mais tarde deram origem aos blocos carnavalescos. Esses blocos, por sua vez, inspiraram posteriormente a criação das escolas de samba, nos moldes das que existem hoje no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Em 1955, os desfiles já contavam com os primeiros carros alegóricos, como acontecia no carnaval francês. Na década de 60, o carnaval brasileiro tomava conta dos clubes de classe alta e das ruas. A festa começava a ser considerada o maior evento popular brasileiro e os desfiles no Rio já eram conhecidos no exterior.
O carnaval no Brasil, que atrai turistas do mundo inteiro todos os anos, não começou tão brasileiro, teve influência européia e, aos poucos, ganhou a identidade do país. O sociólogo Wilson Cruz explica que, com o tempo, o brasileiro foi dando o seu estilo à festa. Isso fez com que o evento chegasse ao ponto de ser considerado hoje um dos grandes reforçadores da identidade brasileira. “Se tem algo que nos difere de outras culturas é o carnaval. A festa em Nova Orleans, por exemplo, não consegue mobilizar todas as instâncias, como aqui. No Brasil, o carnaval é mais envolvente que em outros países e ele tem esse poder de reforçar a nossa identidade,” afirma.
Com as modificações ao longo do tempo e refletindo, cada vez mais, as características da miscigenação racial no Brasil, a festa se firmou como expressão cultural de todas as classes sociais. De um modo geral, o povo brasileiro se constitui apreciador do carnaval. “A festa mudou, antes era uma busca pela liberalidade. Hoje, já não é mais esse tipo de válvula de escape, mas ainda é um momento de uma alegria muito sensual, porque vem da música negra, do estilo do negro que é a sensualidade.
O carnaval nas terras brasileiras nasceu no ano de 1723, quando os portugueses trouxeram para o Brasil o “entrudo,” manifestação de rua que misturava escravos e portugueses, antes da Quaresma, data do calendário católico.