Ruas cobertas de neve e manifestações de pesar dominaram a transmissão directa da televisão estatal norte coreana, no adeus ao líder absoluto Kim Jong Il.
O motivo pelos atrasos no inicio do desfile fúnebre foi imediatamente evidente nas imagens transmitidas rede oficial televisão: as ruas da capital, Pyongyang, estavam cobertas de neve.
Uma foto de tamanho gigante de Kim Jong Il instalada numa limusina preta abriu uma coluna de carros fúnebres em marcha lenta. Logo atrás, um outro veículo transportava uma enorme coroa de flores do seu filho e sucessor Kim Jong Un.
O terceiro carro era a limusina que transportava o caixão preto coberto com a bandeira vermelha do Partido dos Trabalhadores da Coreia. O jovem Kim Jong Un seguiu a pé, ao lado da viatura durante uma parte do desfile fúnebre do pai.
O melodrama aumentou de intensidade quando o veículo passou a meio de nuvens de neve ao longo do percurso fúnebre.
Em cinco mil anos de história, perguntava um locutor norte coreano, poderá alguém dizer-nos quando foi que sofremos tal dor emocional?
À passagem do cortejo uma multidão de norte-coreanos ia chorando e caindo de joelhos, em desespero.
Em muitos aspectos o desfile desta quarta-feira foi uma repetição de uma semelhante coreografada 17 anos antes: o funeral do pai de Kim Jong Il, Kim Il Sung.
O Kim mais velho, que faleceu em 1994, ainda detém o título de “Presidente Eterno”. É considerado como sendo uma figura divina no sistem educacional e de propaganda da Coreia do Norte, e os especialistas consideram ser a fonte única da legitimidade política no formato único do governo do Norte.
Ryoo Kihl-jae, director de uma escola de Estudos Norte Coreanos, afirma que a escolha das autoridades que desfilaram a pé no cortejo Kom Jon Un constitui um sinal da transição do poder.
Diz ele que a maioria era conselheiros de Kim Jong Il, demonstrando uma continuidade não apenas ao estilo de pai para filho, na linha política de um regime para outro.
A morte de Kim Jong Il coloca um jovem na casa dos vinte com a responsabilidade de uma nação com armas nucleares. Especialistas sustentam que os próximos seis a doze meses vão ser de cuidadoso equilíbrio entre a linha dura militar e a exploração de reformas económicas num empobrecido país, que delas necessita.