A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, IFRC, lançou uma campanha de cinco anos na África austral para fazer face a questões humanitárias e problemas resultantes da imigração.
A organização pretende usar voluntários para tentar facilitar a inclusão social em comunidades que recebem imigrantes.
A campanha segue-se á violência xenófoba anti-imigrante que eclodiu na África do Sul em Maio de 2008. Os ataques contra estrangeiros estiveram centrados na zona de Johannesburg causando a morte de 62 pessoas.
Centenas de outras foram feridas e 16.000 pessoas ficaram na situação de deslocados. Embora um terço dos mortos fossem sul-africanos os acontecimentos serviram para sublinhar o problema da xenofobia no país.
A África do Sul conheceu um súbito aumento de imigração africana após o fim do apartheid e muitos desses imigrantes nunca procuraram normalizar o seu estatuto.
Muitos desses indivíduos foram viver para comunidades negras pobres onde havia já falta de habitação, clínicas, escolas e serviços municipais e onde milhões de pessoas vivem em bairros informais.
A percepção foi criada, algumas vezes com bases em factos outras vezes não, de que agora tinham que competir por esses recursos com um crescente número de cidadãos estrangeiros.
A tensão, juntamente com os altos níveis de crime, ajudou a despoletar a violência de Maio de 2008.
Em 2009 a Cruz Vermelha sul africana iniciou um estudo nas comunidades afectadas pela violência de 2008 para tentar compreender o que se tinha passado. Winnie Ndebele, a secretária-geral interina da organização disse à Voz da América que os sul-africanos se sentiam cada vez mais ameaçados e incertos quanto ao seu futuro.
“Ficamos surpreendidos com aquilo que as pessoas nos disseram no estudo, com o nível de ameaça que sentiam pesar sobre si. disse
Agora a Cruz Vermelha e as Sociedades do Crescente Vermelho querem trabalhar com comunidades na África do sul, Lesoto, Moçambique, Suazilândia e Zimbabwe para sublinharem os aspectos positivos da imigração tentando ao mesmo tempo contrariar os seus efeitos negativos.
O programa de cinco anos terá o nome de Ubuntu, uma filosofia humanista sul africana descrita pelo prémio Nobel da paz Desmond Tutut como a essência do ser humano e que sublinha que as pessoas estão interligadas e não podem existir em isolamento.
Ken Odur, representante regional do IFRC, disse à voz da América que Ubuntu descreve o que a campanha espera alcançar em comunidades que recebem ou enviam imigrantes fazendo sublinhar nomeadamente que ao se adoptar uma posição socialmente inclusiva se pode alcançar benefícios.
Conceito de Ubuntu que sublinha interligação de todos faz parte do programa