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Namibe: Crianças mucubais regressam à escola


Crianças brincando num jardim da cidade de Namibe
Crianças brincando num jardim da cidade de Namibe

Escolas do interior da província registam a permanência em aulas de uma moldura humana de alunos, nunca vista nas épocas anteriores da seca e transumância nessas localidades.

Crianças mucubais preferem a escola

Escolas do interior da província registam a permanência em aulas de uma moldura humana de alunos nunca vista nas épocas anteriores da seca, que provocava a transumância.

Os petizes negam seguir as peugadas de seus progenitores na longa marcha, à procura de pasto e agua para abeberamento do gado, tal como era costume do passado recente.

A nova política de assistência social às escolas, localizadas nas zonas rurais, em comida aos petizes de famílias carenciadas, converteu-se hoje num estímulo que alicia a presença de alunos nas escolas rurais.

Os petizes mantêm-se firmes às aulas, nesta fase em que a província regista movimentação massiva de criadores de gado, a emigrar para outras paragens, à procura de estabilidade para a vida animal “bois, cabritos e ovelhas”.

Neste momento, Namibe regista um período menos bom para os autóctones, maioritariamente criadores de gado, atingidos em grande escala pela estiagem, um fenómeno que se tornou cíclico, este ano, por ausência de chuvas, um problema que também se tem reflectido negativamente na vida escolar das crianças.

Apesar desta realidade incomensurável que deixou marcas indeléveis na vida das comunidades, nos anos anteriores, não só pelo elevado número de animais mortos, mas também pelas consequências nefastas causadas ao processo de aprendizagem e ensino, deixando escolas às moscas, por desistências de alunos que acompanharam seus progenitores, desta vez, parece a pirâmide ter-se invertido, segundo constatações feitas pela reportagem da VOA durante as incursões no interior da província, num percurso de mais de 300 quilómetros.

A merenda escolar nas escolas que também veio suprir a fome, concomitantemente travou igualmente a fuga dos estudantes saciados da fome que também faz morada nestas comunidades vulneráveis.

Alguns membros das comunidades Mucubais falando na sua própria língua nacional na reportagem da VOA, não esconderam o que sentem no âmago, dizem que só agora ficaram a compreender da necessidade de levar seus filhos a escola.

“ Tenho dois filhos, um foi ao pasto e outro mantêm-se na escola, para amanhã nos ajudar naquilo que eventualmente necessitaremos, como é o caso de recurso ao hospital, portanto os filhos formados vão amanhã assegurar o futuro da família” disse a mulher Mucubal, cujo nome não quis revelar por razões culturais.

Outra mulher, mãe de três filhos que diz chamar-se Mbaliatela, falando para a VOA na localidade de Ngolova, adstrita ao Município do Virei, a 187 quilómetros da cidade do Namibe, a exemplo da sua confrade disse que tem três filhos, dois dos quais são obrigados frequentar as aulas, apenas um dedicado ao pasto com o pai.

O Director Provincial do Namibe da Educação Pacheco Francisco, reconfirmou esta realidade, garantindo que a merenda escolar nas zonas rurais vai ajudar estabilizar os propósitos do sector da educação que visa manter a população em aglomerados populacionais para melhor servirem dos serviços do Estado, um dos quais o ensino gratuito, ao travar a fuga de alunos das escolas em tempo de seca.

Aquele responsável disse ainda que apesar desta realidade que anima o sector, medidas já foram tomadas, devendo no decurso desta pausa pedagógica, as repartições escolares afectas aos Municípios transumantes, procederem o levantamento da movimentação da população transumantes a procura do pasto.

No caso de se apurar que ainda assim houve crianças que abandonaram as aulas em consequência da transumância, vai-se espoletar mecanismos que visam decretar ano lectivo especial para estas localidades, onde os professores especializados deverão acompanha-los e manter assistência as aulas através de escolas móveis.

Para o ano em curso 2012, o sector de Educação controla 109 alunos matriculados em 126 instituições dos vários sistemas de ensino na província. Cerca de 5600 professores asseguram o trabalho docente nas zonas rurais de difícil acesso, clamando por estímulos e subsídios de isolamento.

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