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Quénia: Milhares de deslocados internos ainda à espera de realojamento


Grupo de mulheres carregando lenha para a cozinha no campo de refugiados internos queniano de Tumaini aberto a seguir a violencia pos-eleitoral de 2007-2008
Grupo de mulheres carregando lenha para a cozinha no campo de refugiados internos queniano de Tumaini aberto a seguir a violencia pos-eleitoral de 2007-2008

Organizações dos direitos humanos exigem a atenção das autoridades para com as vítimas da violência pós-eleitoral

Numa altura em que o Quénia parece preparar-se para as eleições este ano e quatro proeminentes membros do governo esperam para serem julgados pelo Tribunal Penal Internacional, milhares de deslocados internos da violência pós eleitoral de 2008 continuam em situações deploráveis nos campos de acolhimento.

Apoiados por grupos dos direitos humanos, esses deslocados estão a exigir realojamento e indemnizações ao governo antes de se avançar para as eleições.

Cathy Majtenyi da VOA esteve num dos campos de deslocados quenianos.

Margaret Wairimu vive com os seus sete filhos numa pequena tenda de campanha onde podemos encontrar vários manuais de escola secundária doados pela beneficência.

Wairimu e os seus filhos vivem no campo de Tumaini na área de Maai Mahiu desde o início de 2008, após se terem fugido da violência que vitimou o seu pai. A vida no campo de deslocados é para ela um inferno.

“Aqui, existem muitos problemas. Não há água, não há comida para cozinhar, não temos roupas, os produtos de primeira necessidade não são acessíveis. Estamos a espera de pessoas de boa vontade que venham e nos dê comida e roupa.”

Em finais de 2007 e início de 2008 o Quénia resvalou-se numa violência étnica resultante das disputadas eleições presidenciais de 2007. Mais de cem mil pessoas foram mortas nessas disputas. As pessoas fugiram para centenas de campos de acolhimentos por todo o país.

Estima-se que o número de pessoas que fugiram a violência anda entre trezentas a seiscentas e sessenta e três mil pessoas, isso de acordo com a Comissão queniana dos direitos Humanos.

Através de programas do governo e de outras organizações como a Habitat para Humanidade, muitos desses deslocados internos regressaram as suas casas, ondem puderam integrar novas comunidades, ou receberam do governo dinheiro que lhes permitiu comprar terras para conjuntamente serem trabalhadas na base de cooperativas.

Mas milhares de outros ainda continuam a residir nos campos de acolhimento, tal como o Tumaini e onde muitos ainda se sentem inseguros em regressar as suas terras de origem.

O coordenador do Centro de Apoio e políticas para os deslocados internos, Keffa Magenyi, um programa de ajuda as vítimas da violência pós-eleitoral estima que mais de 40 mil pessoas estejam a viver em 29 campos de acolhimento, e mais de metade desses desafortunados não têm tido nenhuma assistência do governo.

“Ainda pode-se encontrar um grande número de deslocados internos que não foram ainda recenseados para serem realojados, que ainda não tiveram o contacto com a justiça, e que ainda não regressaram as suas terras.”

A Voz da América não pôde contactar a ministra dos Programas Especiais, Esther Murugi apesar de inúmeras tentativas nesse sentido.

John Mututho um membro do parlamento local de Naivasha decidiu apresentar queixa contra líderes dos partidos políticos e vários ministros, num esforço de responsabilizar o governo pelo falhanço no realojamento dos deslocados internos.

“As pessoas estão a apanhar pontapés. Existem pessoas que não querem resolver os problemas porque vão deixar de ganhar o que têm vindo a usufruir com o alastrar desta situação. O presidente Mwai Kibaki tem sido ingénuo: ao fixar duas semanas, ou seja até ao final do mês. Mas eles confundem-no de alguma forma, e ele tem que anunciar novos prazos e estender outros.”

John Mututho está também a apelar a Comissão Eleitoral Independente para não definir as novas circunscrições eleitorais para as próximas eleições enquanto não forem realojados os deslocados internos.

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