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Presidente da Nigéria pede apoio popular para enfrentar as crises


Além da greve geral, os nigerianos saíram a rua para protestar contra o fim de subvenção do preço dos combustíveis
Além da greve geral, os nigerianos saíram a rua para protestar contra o fim de subvenção do preço dos combustíveis

Greve geral iniciada hoje vem agravar as capacidades do governo em conter o continuados ataques terroristas da Boko Haram

A tensão subiu de nivel nas duas maiores cidades com dezenas de milhares de pessoas a protestarem contra a subida do preço dos combustíveis, tendo acabado em confrontos com a polícias e causado a morte de pelo menos uma pessoa.

Testemunhas na cidade de Lagos disseram que um agente da polícia disparou fatalmente contra um manifestamente.

Num outra zona da cidade a polícia anti-motin travou o avanço de manifestantes que bloquearam ruas, queimaram pneus e cantaram slogans contra a polícia e o presidente Goodluck Jonathan.

Na cidade nortenha de Kano, a Cruz Vermelha indicou que 14 pessoas ficaram feridas nos tumultos e sete delas por balas.

O presidente nigeriano Goodluck Jonathan pediu assistência e cooperação dos cidadãos do seu país no sentido de fazerem face as crises que o país actualmente enfrenta.

Os cristãos residentes no norte do país estão a fugir das suas residências por causa de continuados ataques islâmicos, num país onde também se irromperam protestos em resultado da subida do preço dos combustíveis.

Nick Loomis da redacção da VOA em Dakar diz que perante o recrudescer simultâneo de duas crises, o presidente Goodluck Jonathan decidiu dar a cara através da televisão com vista a assegurar aos cidadãos, muitos deles em pavor ou enraivados. Jonathan falou primeiro dos ataques contra as comunidades cristãs no norte do país de predominância muçulmana. Em muitas das regiões do norte foram instaurados desde 31 de Dezembro o estado de emergência.

“Com esta declaração o governo tem mais uma vez demonstrado a sua intenção em combater o terrorismo com vigor, e eu assumo em garantir a segurança a todos os nigerianos.”

Mas muitos cristãos não estão satisfeitos com a resposta do presidente e nem com as suas promessas. Centenas deles foram forçados a fugir do norte do país depois do grupo de milícias islâmicos Boko Haram ter difundido um alerta apelando a partida dos cristãos sob pena de haver mais ataques e mortes.

O prazo do ultimato já foi ultrapassado e tudo indica que a Boko Haram conseguiu atingir os seus objectivos. O presidente da Associação Cristã da Nigéria, Oyo Oritsejafor disse que as limpezas étnicas e religiosas fazem lembrar a época da guerra civil surgida em 1967 durante a qual morreram pelo menos um milhão de pessoas.

“Se olharmos para o passado, iremos lembrar que foi exactamente assim que tudo começou. Mortes em diferentes locais e de seguida os apelos aos sulistas para irem-se embora ou abandonar o norte. E gradualmente houve uma explosão que acabou se tornando em guerra civil. Estamos a assistir a repetição da mesma situação agora.”

O presidente da Associação Cristã Nigeriana diz que os cristãos no norte do país têm o direito de se defenderem. Os muçulmanos também no sul, motivados por receios ou não de represálias também iniciaram a partida de regresso para o norte.

Para a maior parte da empobrecida população oriunda do sul e que habita a região norte, a retirada não se apresenta como uma opção fácil e possível em resultado do seu custo.

Uma outra questão que está a colocar incertezas ao país é o fim das subvenções aos combustíveis o que traduziu num imediato aumento do preço nas bombas de abastecimento. O presidente Jonathan procura defender-se de uma medida que faz ainda mais impopular o seu governo.

“Eu partilho a raiva de todas as pessoas que têm viajado para fora das suas áreas… Se eu não estivesse na liderança desse processo de reconstrução nacional, e se estivesse no vosso lugar neste momento, eu provavelmente poderia ter reagido da mesma maneira como muitos dos nossos compatriotas, ou assumir a mesma posição critica em relação ao governo.”

Esta medida do governo conduziu a uma onda de protestos por todo o país e uma greve geral com o início hoje Segunda-feira. Foi a reacção esperada ao há muito anunciado plano do fim de subvenção dos combustíveis que na óptica do governo tem estimulado a corrupção em detrimento de investimentos.

Economistas e analistas políticos não descordam com a medida do governo, mas afirmam que o momento da sua aplicação reduziu as margens do executivo que se vê forçado a lidar simultaneamente com duas crises. O presidente Goodluck Jonathan recusa-se para já a recuar, ou seja, em abandonar a sua impopular decisão.

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