Um dos líderes da Irmandade Muçulmana do Egipto disse que o partido Liberdade e Justiça está pronto para trabalhar com outras forças políticas, embora pareça difícil obter uma maioria susceptivel de garantir estabilidade parlamentar.
Muitas pessoas receiam no entanto que esta predisposição pluralista da Irmandade Muçulmana seja apenas uma forma de partilhar as responsabilidades durante períodos de incerteza por que passa o país.
Elizabeth Arrott da VOA no de Cairo diz exitir dois consistentes e contraditórios argumentos defendidos pelo o partido mais votado nas eleições no Egipto. Um deles, que a Irmandade Muçulmana irá abraçar todos na busca de soluções aos problemas do país. O outro, que a resposta a esses problemas pode ser encontrada no seu slogan: “Islão é a solução”.
A ideologia dessa formação política é baseada numa premissa que coloca o religião mulçulmana no centro de tudo, desde a família até ao governo nacional. Actualmente o partido está a dar o melhor de si para contornar todas as preocupações levantadas pelos cristãos, laicos e outros, quando tudo indica que deverá obter a maioria parlamentar esta semana com a terceira fase das eleições.
Essam el Erian, presidente adjunto do Partido Liberdade e Justiça da Irmandade Muçulmana disse a Voz da América que não haverá um desvio da prometida democracia, ainda que seja contra a vontade de outros islamistas, tais como os ultra-conservadores Salafistas.
“Nós não estamos em confrontação com nenhum grupo, e ainda estamos firmes a nossa aliança democrática com mais de 10 partidos representando todas as facções políticas no país. Os Salafistas são respeitados porque obtiveram cerca de 80 lugares e podem obter mais na terceira fase das eleições. Respeitamos a escolha do povo, mas não vamos mudar a nossa aliança.”
Não se trata de uma aliança no seu melhor, uma vez que apesar dos líderes do partido Liberdade e Justiça da Irmandade Muçulmana defenderem a inclusão, estão no entanto a rejeitar a ideia de eleição de uma mulher ou mesmo um copta – cristão – como presidente.
Contudo a Irmandade Muçulmana tem uma longa história de pragmatismo: os seus membros construiram uma massiva base de apoio realizando boas acções durante o período em que foram interditados pelo anteirior governo. Apesar de não terem estado por detrás da mobilização popular que conduziu a revolução do ano passado, acabaram por aceitar os resultados desta mudança.
Essam el Erian diz que mais do que tudo, agora a agenda da Irmandade Muçulmana está baseada na unidade nacional e não na ideologia.
“Estamos interessados que a solidariedade nacional que ressurgiu com a revolução continue para a construção do país. Portanto estamos ansiosos que todos os blocos políticos no parlamento trabalhem unidos de acordo com uma agenda especial que faz do povo egipcio a prioridade em vez de uma qualquer agenda política.”
Alguns observadores acreditam que esta posição do partido da Liberdade e Justiça reflecte um outro aspecto do seu novo pragmatismo. Entretanto os egipícios têm vistos poucos progressos desde a revolução, e as expectativas são muito elevadas em torno das mudanças que o novo parlamento venha a operar.
Contudo foram registadas repressões militares nos ultimos meses, em particular em torno da concepção de uma nova constituição política. O Conselho militar que governa o país tinha prometido atribuir a uma comissao parlamentar os poderes para prepara-la, mas ultimamente defendeu que fosse permitido aos generais sugerir algumas adaptações.
É essa a disputa que se espera tornar-se mais acesa nas proximas semanas, quando as eleições para câmara baixa do parlamento está prevista para o dia 23 de Janeiro.
Seja qual for a atitude da Irmandade Muçulmana em relação a um governo inclusivo de unidade nacional, a verdade é que o partido precisa obter um maior número possivel de aliados.