Uma nota do primeiro-ministro de Israel colocada na sua conta de twitter em que diz que Cabo Verde vai votar sempre a favor de Israel nas Nações Unidas provocou uma forte polémica no arquipélago.
Enquanto o PAICV na oposição pedia ao Governo, que é a quem cabe definir a política externa, que esclarecesse o assunto, nas redes sociais as críticas a essa mudança de política provocaram enormes reacções.
O Presidente da República teve de divulgar na quinta-feira, 10, uma nota a dizer que nunca tratou essa questão com Benjamim Natanyahu, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros veio dizer nesta sexta-feira, 11, que Cabo Verde quer manter uma relação de aproximação e cooperação com Israel, tal como faz com os demais países.
Luís Filipe Tavares afirmou que o arquipélago tem interesses em comum com Israel, por isso quer reforçar as relações, sempre com o “espirito de responsabilidade e objectivo de trazer ganhos para o país e os cabo-verdianos”.
Por seu lado, o PAICV, na oposição, considerou hoje em conferência de imprensa, que as reacções tardias das autoridades nacionais fizeram acreditar que “o fumo das notícias publicadas no twitter do primeiro-ministro de Israel estaria a ser alimentado por um fogo real, embora camuflado e escondido dos cabo-verdianos”.
Se para o principal partido da oposição, a explicação do Presidente da República embora tardia, veio tranquilizar o espirito dos cabo-verdianos, a posição do Governo emitida ontem num comunicado e as declarações do Chefe da Diplomacia proferidas hoje na Rádio de Cabo Verde colocam dúvidas as polémicas notícias.
Para Rui Semedo, porta-voz do PAICV, bastava o Executivo dizer sim ou não em relação ao que foi publicado no twiter do governante israelita, mas preferiu “atacar os outros, nomeadamente o PAICV, pelas reacções havidas na sequência da divulgação de tal notícia”.
Semedo afirmou que o seu partido defende que a politica externa deve continuar a ser um eixo estratégico consensual para alavancar o desenvolvimento sustentável de Cabo Verde, “baseado sempre na independência de pensamento, coerência dos princípios constitucionais, na estabilidade e defesa dos superiores interesses da nação”.