A empresa pública espanhola Mercasa subornou o antigo vice-ministro do comércio de Angola, Manuel Cruz Neto, com caixas de bolachas cheias de notas de dinheiro para garantir o contrato para a construção de um mercado de abastecimento em Luanda, capital do país.
A denúncia foi avançada na quinta-feira, 16, pelo jornal El Mundo que cita fontes da Operação Trajano, investigada pela Procuradoria Anti-Corrupção da Espanha.
O jornal confirma que Mercasa também pagou no negócio uma comissão de dois por centro sobre os 533 milhões de dólares do total contratado à Fundação José Eduardo dos Santos (FESA).
Em Setembro de 2010, o gestor enviado pela Mercasa a Angola, Armando Andrade, escreveu uma carta ao presidente da empresa a indicar ter conhecimento do suborno, bem como as autoridades angolanas.
“Conhecem o episódio de dólares entregues em Luanda e depois levantados em Lisboa de caixas de bolachas cheias de notas entregues a Cruz Neto em quatro grandes armazéns, no seu seu carro, a mobília da casa dele, os presentes, etc.”, lê-se na carta citada pelo El Mundo,
Andrade foi enviado a Angola pelo presidente da empresa Álvaro Curiel para vigiar o intermediário que trabalhava em Luanda, o português Guilherme Tavira, actualmente fugitivo da justiça espanhola.
A investigação garante que durante anos, Taveira pagou subornos e cobrou luvas à Mercasa, numa grande teia que a justiça espanhola quer entender.
Manuel da Cruz Neto terá assinado o contrato quando era vice-ministro do Comércio, tendo em seguida ocupado o cargo de vice-ministro das Finanças.
Mais tarde foi ministro e chefe da Casa Civil da Presidência da República, cargo que ocupou até às eleições gerais de 23 de Agosto.