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Angola sem acesso aos milhões de Carlos São Vicente na Suíça


Carlos Sao Vicente
Carlos Sao Vicente

Decisão do Supremo Tribunal suíço pode envolver centenas de milhões de dólares que deixam de poder ser reivindicados pelo estado angolano

Na sequência de uma decisão do Tribunal Supremo da Suíça, Angola deixou de poder recuperar bens e fundos do empresário Carlos São Vicente nesse país, disse uma advogada suíça do empresário angolano

Numa decisão revelada ontem, 21 de setembro, o Supremo Tribunal da Suíça afirmou haver sérias dúvidas sobre a imparcialidade e independência das autoridades judiciais angolanas pelo que não pode haver cooperação com Angola no caso do empresário Carlos São Vicente.

O Supremo Tribunal suíço decidiu que autoridades suíças não podem cooperar com Angola antes de avaliarem a possibilidade e efectividade de obterem várias garantias diplomáticas do país, em particular no que diz respeito à independência e imparcialidade dos tribunais e o cumprimento dos direitos processuais de São Vicente.

Em princípio a decisão deverá ter pouco impacto prático no seu caso já que o empresário foi condenado em Março a nove anos de prisão pelos crimes de peculato, fraude fiscal e branqueamento de capitais e ao pagamento de uma indemnização de 500 milhões de dólares. Os seus advogados recorreram da sentença.

A advogada Clara Poglia disse no entanto que face à decisão do Supremo Tribunal, a Suíça não irá cooperar com as autoridades angolanas em qualquer aspecto relacionado com o caso, incluindo a recuperação de activos.

Ela não especificou os valores desses bens, mas inicialmente foram congelados cerca de 900 milhões de dólares na Suíça.

Posteriormente um tribunal ordenou o “descongelamento” de cerca de 260 milhões de dólares e os advogados tinham pedido o mesmo para o restante montante que em princípio as autoridades angolanas poderiam reivindicar.

A decisão do Supremo Tribunal, de acordo com a advogada, significa que todos os bens e fundos de São Vicente na Suíça não podem ser entregues a Angola.

“A Suíça não irá portanto cooperar (com as autoridades angolanas) e todos os activos no nosso país não serão recuperados pelas autoridades angolanas”, disse a advogada.

“Esperamos que as autoridades angolanas compreendam que não podem agir com impunidade”, acrescentou Clara Poglia.

Numa declaração inicial revelando a decisão do Supremo Tribunal suíço os advogados disseram que São Vicente “espera que outros países sigam a via aberta pelo Supremo Tribunal suíço e se recusem a cooperar com os procedimentos ilegais liderados pelas autoridades angolanas”.

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