Os 12 partidos autorizados a concorrer às eleições gerais de 24 de Agosto em Angola têm pouco menos de 24 horas para, junto do Tribunal Constitucional (TC), apresentarem correcções às lacunas detectadas nas suas candidaturas à Assembleia Nacional (AN).
A instituição revelou recentemente que todos tinham insuficiências que deviam ser supridas em 10 dias, contados a partir do dia 26 de Junho.
Nesse processo, saltou à vista, contudo, o facto de, na lista publicada pelo TC, pelo menos três formações políticas, recentemente legalizadas, não terem reunido o número de candidatos a deputados exigidos por lei, até o dia 25 de Junho.
É o caso do Partido Humanista de Angola (PHA), liderado pela jornalista e antiga militante da UNITA, Florbela Malaquias, que não reuniu candidatos para os 18 círculos provinciais e dezenas de outros para o círculo nacional.
Simba Luwawa, mandatário de lista do partido, garantiu à VOA que a formação vai suprir todas as lacunas apontadas “até ao último dia”.
Dinho Jonatão Chingunji, líder do Partido Nacionalista para a Justiça em Angola (P-NJANGO), também prefere guardar tudo para “a última hora”.
Da lista de candidaturas deste partido não constam os círculos provinciais da Huíla e do Cuando Cubango.
Não foi possível contactar o presidente da Aliança Patriótica Nacional, Quintino Moreira, quem não atendeu à chamada da VOA.
Na lista inicial do seu partido, faltam candidatos a cinco círculos provinciais e apenas apresentou 107 dos 130 candidatos ao círculo nacional, exigidos por lei.
O jornalista Ilídio Manuel entende que o surgimento destes partidos suporta a tese segundo a qual muitos deles “foram favorecidos pelo partido no poder, o MPLA, para fazer o jogo político no sentido de retirar o voto ao principal partido da oposição a UNITA”.
O também jornalista Graça Campos considera que “esta questão indicia, fortemente, mais do que uma incongruência, uma suspeita grave sobre o processo de legalização dessa legenda pelo Tribunal Constitucional, numa referência em particular ao partido de Florbela Malaquias".
“A questão do Partido Humanista (parece óbvio) é um caso de estudo”, diz, perguntando nas redes sociais: “Como uma quase desconhecida funda um partido às pressas e é reconhecida pelo Tribunal Constitucional em tempo recorde, enquanto o Pra-Já, do veterano Abel Chivukuvuku, é chumbado?”.
A lei prevê, depois da publicação das listas, um período de 10 dias para suprimento das insuficiências, irregularidades e deficiências, que vai de 26 de Junho a 5 de Julho.