O ativista angolano Gerson Eugénio Quintas "Man Gena", deportado de Moçambique para Angola, vai continuar em prisão preventiva até ser julgado pelos crimes de roubo qualificado e abuso de confiança, ultraje ao Estado, seus símbolos e órgãos, incitação pública ao crime, difamação, injúria e calúnia.
A decisão foi tomada por uma juíza de garantia do Tribunal da Comarca de Luanda, nesta quinta-feira, 29, depois de Man Gena ter sido detido à chegada ao país no domingo, 25.
Antes da audiência, as ruas adjacentes ao tribunal foram tomadas por um enorme aparato policial, montado pela Polícia Nacional e pelo Serviço de Investigação Criminal, que impressionou os presentes.
Man Gena entrou no tribunal encapuzado, com uma enorme escolta, e os jornalistas foram impedidos de usar os seus telemóveis no tribunal.
A juíza aplicou a pena mais gravosa.
Man Gena esteve preso durante nove anos por tráfico de droga, mas depois começou a colaborar com a Polícia.
Foi então que, através de vídeos nas redes sociais, ele acusou altas entidades de envolvimento no narcotráfico, passando, segundo ele, a ser perseguido.
No ano passado, ele fugiu com a esposa e dois filhos para Moçambique, onde não conseguiu o estatuto de refugiado junto do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Em declarações aos jornalistas, na terça-feira, 27, o porta-voz do SIC-geral disse que a corporação investigou as acusações feitas por "Man Gena" contra altas patentes da Polícia Nacional, das Forças Armadas Angolana e do SIC, de envolvimento no narcotráfico, mas que são infundadas.
"Tudo quanto Man Gena denunciou na internet não está comprovado", afirmou o superintendente-chefe Manuel Halaiwa, quem acrescentou que o ativista tem agora "a soberba oportunidade de as comprovar".
Entretanto, no mesmo dia, a esposa de Man Gena, Clemência Suzete Vume, deportada de Moçambique juntamente com o marido, por permanência ilegal naquele país, disse à imprensa, num hotel em Luanda, que muitas provas que o martido tinha desapareceram num assalto que sofreram na sua residência em Luanda, e lamentou o fato de o esposo estar detido.
Durante a sua estada em Maputo, a mulher perdeu um filho e responsabilizou as autoridades sanitárias pelo fato.
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