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Angola Fala Só - Microfone Aberto: "Autarquias serão mais-valia"


Microfone Aberto
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Ouvintes levantam dúvidas e lamentam que não houve qualquer mudança em Angola com o novo PR

23 Mar 2018 - Microfone Aberto: "Autarquias serão mais valia"
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A realização das eleições autárquicas foi bem recebida pelos ouvintes do “Angola Fala Só”, mas muitos manifestaram as suas dúvidas quanto à “vontade política” para as realizar.

Muitos ouvintes manifestaram a sua desilusão com as promessas de mudanças do novo Presidente da República, afirmando que até agora “nada mudou”.

Afonso Francisco, que falava de Luanda, disse que a realização das autárquicas é uma necessidade porque de momento “não há pressão dos eleitores” sobre os administradores locais que não têm que responder aos cidadãos.

Para Francisco, muitos eleitores não conhecem sequer “o perfil” dos administradores e isso irá também mudar com a a realização de eleições autárquicas.

“As autarquias serão uma mais-valia para nós”, sublinhou.

Este ouvinte abordou também a actual controvérsia em redor da denominada “bicefalia” no poder, com José Eduardo dos Santos na presidência do MPLA e João Lourenço na chefia do Estado.

“José Eduardo dos Santos deve abandonar a sua posição”, disse Afonso Francisco, porque "não tem nada para dar".

José Alexandre que contactou o programa através do Facebook, onde o programa é transmitido ao vivo, disse que Angola precisa de mudar o seu sistema de governação até agora centralizado.

Gradualismo

“O modelo que temos já deu o que que tinha a dar”, acrescentou Alexandre, para quem "este modelo já devia estar num museu”.

A questão do “gradualismo” nas eleições autárquicas provocou debate entre os ouvintes.

Lúcio Manuel,do Cubango, na província da Huíla, começou por manifestar dúvidas quanto à “vontade política” dos governantes em realizarem as eleições autárquicas, para depois criticar o “gradualismo”, processo segundo o qual as autárquicas não se realizarão em todas as regiões ao mesmo tempo.

Para Manuel, isso poderá contribuir para um aprofundamento ainda maior das “assimetrias” entre as diversas regiões do país, pois os locais onde se vão realizar as eleições irão beneficiar de uma melhor governação

“Preocupa-me a reacção daqueles que vão ficar de fora”, disse, mencionando o perigo de se aumentar o fluxo de pessoas de zonas periféricas para as cidades.

Lúcio Manuel foi um dos ouvintes que também manifestou dúvidas quanto às promessas de mudanças pelo presidente João Lourenço.

“Não se nota nada de mudanças”, criticou.

Ainda sobre o "gradualismo, outro ouvinte diz ser necessário porque muitas zonas do país “não têm condições” para realizar autárquicas.

Por seu lado, José Chinguela manifestou-se céptico quanto à realização das autárquicas ao afirmar que se fala disso desde 2012 mas na prática nada foi feito.

“Queremos não só palavras mas prática”, pediu, acrescentando que "a ideia das autarquias é de louvar mas é difícil acreditar nela".

Lirio Maiala, que falava do Sanza Pombo, na província do Uíge, apelou a uma campanha de informação do Governo, igrejas e organizações não-governamentais porque “o povo não conhece o que são as autarquias”.

“É preciso esclarecer o que significa a realização de eleições autárquicas e o que é o gradualismo”, afirmou, criticando também o facto de não ter havido qualquer mudança com João Lourenço.

“A impunidade continua a reinar”, denunciou.

“A mudança só existe nas bocas dos que falam de mudanças mas não há nada na prática”, concluiu.

Opinião idêntica teve Evaristo Congo que relatou as dificuldades da zona onde vive, onde “não há água, não há luz, não há medicamentos”.

“Isto é um país de muitos doutores mas parece-me que quanto mais estudam mais burros ficam”, concluiu.

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