Os angolanos têm que virar-se para a sua literatura como um meio para compreenderem o presente, defendeu a escritora e professora Kanguimbo Ananás.
Ao falar no programa “Angola Fala Só”, ela disse que todos precisam de ter “o gosto e o hábito pela leitura”.
“Temos que ler o passado”, sulbinhou a professora, exortando as famílias a se interessarem pela educação dos jovens e a inculcar o gosto pela literatura.
Para a escritora nunca é demais sublinhar “a importância da família para o crescimento cultural dos jovens"
“O Executivo por si só não faz tudo”, afirmou a escritora frisando que a leitura é também uma oportunidade para se conhecer o mundo.
“A literatura proporciona viagens de continente a continente sem bilhete de passagem”, garantiu.
Muitos dos ouvintes manifestaram a sua preocupação pelas insuficiências do ensino e muitos deles frisaram que há alunos que chegam ao ensino médio sem saberem escrever correctamente.
A escritora frisou também a necessidade de uma boa educação de base.
“A escola primária determina tudo”, disse Kanguimbo Ananás que, contudo, frisou a necessidade dos angolanos se concentrarem no futuro e não no passado.
“Temos que andar para a frente", pediu a professora para quem “é na formação do homem que se temos que apostar”
Kanguimbo Ananás concordou que na sociedade se dá enfâse a actividades que pouco contribuem para o crescimento cultural do país.
“Menos misses mais livros”, pediu em referência aos concursos de beleza.
A escritora fez notar, contudo, que o caminho da literatura não é fácil porque requer a leitura de muitos escritores e um trabalho árduo.
“A literatura é um percurso que se faz caminhando”, afirmou acrescentando ainda que para a “investigação (literária) é preciso força e coragem”.
A escritora disse acreditar que há actualmente liberdade para se escrever qualquer que seja o tema, mas isso implica também responsabilidade dos escritores.
“Não basta escrever o que se ouve”, sublinhou.
Ela rejeitou acusações de que a União dos Escritores de Angola torna difícil a entrada no mercado literário de novos escritores
“Isso não é verdade”, disse mas sublinhou que há “critérios” porque "escritos não são livros”.
Interrogada sobre a transição política do país, Kanguimbo Ananás disse que José Eduardo dos Santos deveria anunciar a data precisa em que tenciona abandonar a chefia do partido, o MPLA.
“Devia pôr as cartas na mesa”, defendeu, mas alertou contra extremismos, a “falta de respeito” que se faz ouvir na controvérsia rodeando a transição e ainda sobre a necessidade de não se fazer a transição de forma acelarada
“Penso que deve haver uma lufada de ar fresco, mas com tempo", concluiu.