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Angola Fala Só - Kanguimbu Ananaz: "Menos misses, mais escolas"


Kanguimbo Ananás
Kanguimbo Ananás

Escritora diz haver liberdade para escrever em Angola

16 Mar 2018 AFS - Kanguimbu Ananaz: "É preciso menos misses e mais escolas"
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Os angolanos têm que virar-se para a sua literatura como um meio para compreenderem o presente, defendeu a escritora e professora Kanguimbo Ananás.

Ao falar no programa “Angola Fala Só”, ela disse que todos precisam de ter “o gosto e o hábito pela leitura”.

“Temos que ler o passado”, sulbinhou a professora, exortando as famílias a se interessarem pela educação dos jovens e a inculcar o gosto pela literatura.

Para a escritora nunca é demais sublinhar “a importância da família para o crescimento cultural dos jovens"

“O Executivo por si só não faz tudo”, afirmou a escritora frisando que a leitura é também uma oportunidade para se conhecer o mundo.

“A literatura proporciona viagens de continente a continente sem bilhete de passagem”, garantiu.

Muitos dos ouvintes manifestaram a sua preocupação pelas insuficiências do ensino e muitos deles frisaram que há alunos que chegam ao ensino médio sem saberem escrever correctamente.

A escritora frisou também a necessidade de uma boa educação de base.

“A escola primária determina tudo”, disse Kanguimbo Ananás que, contudo, frisou a necessidade dos angolanos se concentrarem no futuro e não no passado.

“Temos que andar para a frente", pediu a professora para quem “é na formação do homem que se temos que apostar”

Kanguimbo Ananás concordou que na sociedade se dá enfâse a actividades que pouco contribuem para o crescimento cultural do país.

“Menos misses mais livros”, pediu em referência aos concursos de beleza.

A escritora fez notar, contudo, que o caminho da literatura não é fácil porque requer a leitura de muitos escritores e um trabalho árduo.

“A literatura é um percurso que se faz caminhando”, afirmou acrescentando ainda que para a “investigação (literária) é preciso força e coragem”.

A escritora disse acreditar que há actualmente liberdade para se escrever qualquer que seja o tema, mas isso implica também responsabilidade dos escritores.

“Não basta escrever o que se ouve”, sublinhou.

Ela rejeitou acusações de que a União dos Escritores de Angola torna difícil a entrada no mercado literário de novos escritores

“Isso não é verdade”, disse mas sublinhou que há “critérios” porque "escritos não são livros”.

Interrogada sobre a transição política do país, Kanguimbo Ananás disse que José Eduardo dos Santos deveria anunciar a data precisa em que tenciona abandonar a chefia do partido, o MPLA.

“Devia pôr as cartas na mesa”, defendeu, mas alertou contra extremismos, a “falta de respeito” que se faz ouvir na controvérsia rodeando a transição e ainda sobre a necessidade de não se fazer a transição de forma acelarada

“Penso que deve haver uma lufada de ar fresco, mas com tempo", concluiu.

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