O diferendo entre o presidente João Lourenço e a empresária Filomena Oliveira “foi uma tempestade num copo de água” e ao contrário do que foi aventado não resultou em nenhuma ameaça contra ela, disse no programa “Angola Fala Só” a empresária.
O diferendo surgiu depois de Filomena Oliveira ter afirmado ter acusado os técnicos de ~serem “surdos” por não escutarem as opiniões dos empresários.
“Nós não somos surdos”, respondeu alguns dias depois o presidente afirmando depois não ter gostado dessa declaração.
Isso levou a que alguns analistas criticassem o presidente afirmando que a sua declaração poderia abrir as portas a retaliação contra Filomena Oliveira.
“Não houve ameaças nenhumas,” disse no “Angola Fala Só” a vice-presidente da Confederação Empresarial de Angola e da Associação de Publicidade e Marketing.
“Vivemos num estado democrático, existe respeito”, disse afirmando que tinha sido necessário “ter posicionamento que tivemos”, sublinhando que a sua declaração tinha sido feita em nome das 50 organizações que compõem a federação empresarial.
“As pessoas reagiram porque se calhar não tinham nada para fazer”, disse.
“Não foi nada de alarmante até porque o Sr. Presidente acabou por dizer numa entrevista que até gostou que os outros não tivessem gostado”, acrescentou.
“É daquelas coisas que na realidade não têm importância”, afirmou ainda Filomena Oliveira.
Interrogada sobre a introdução do IVA a dirigente da Confederação Empresarial disse que a economia angolana “não está preparada para termos um imposto tão sofisticado e eletrónico como o IVA”.
Contudo fez notar que “em cada dificuldade há sempre um oportunidade a ser capitalizada” e neste caso “há uma oportunidade para modernizarmos as nossas empresas”.
Isso, contudo, será difícil devido ao facto das empresas estarem “descapitalizadas numa crise tremenda com falta de capital humano e com falta de recursos”.
“Tivemos uma grande oportundiade de fazermos trabalho em conjunto e em concertação”, disse fazendo notar que a questão do IVA esteve em estudo desde 2011.
“Saltamos algumas fases do projecto e agora vamos ver como é que vamos ajustar tudo isto”, acrescentou.
Interrogada sobre o programa de repatriamento de capitais levados ilicitamente para fora do país, a vice-presidente da Confederação Empresarial disse que isso só pode ser feito desde que haja provas e “para que haja provas tem que haver investigação”.
Angola tem debilidades no “processamento de potenciais queixas ou investigação de processos”, disse afirmando ainda que pode não haver interesse de certos países de retirarem da sua economia centenas de milhões de dólares para ali transferidos.
Interrogada sobre as assimetrias que existem em Angola entre Luanda, outras grandes cidades e o resto do país, Filomena Oliveira disse que isso se deve parcialmente á guerra que o pais viveu.
As assimetrias disse têm grande impacto “sobretudo quando não temos tido a capacidade de gestão efectiva daquilo que tem sido o bem publico”, acrescentou.
Mais adiante no programa Filomena Oliveira fez notar a concentração de quadros em Luanda em 34 ministérios quando as municipalidades atravessam grandes dificuldades em termos de implementação de programas.
A empresaria notou também haver “um deficit de cidadania” com a relutância dos Angolanos em exercerem os seus direitos e deveres.
Interrogada sobre se se senti optimista quanto ao futuro de Angola, a vice presidente da Confederação empresarial de Angola disse estar “um pouco angustiada”.
“Mas dentro de este cenário em que nos encontramos estamos a conseguir afazer muita concertação com o executivo e isso é bom”, disse.
“Por isso tenho a certeza que vamos ter soluções muito mais sustentáveis e muito mais capazes de resolver não só problemas de agora da crise mas também de criarmos as boas práticas de governação, transparência e sobretudo de gestão”, acrescentou.