A activista Laurinda Gouveia já recomeçou a cantar no seu grupo coral da Igreja Sagrada Família em Luanda. A activista tinha denunciado a sua proibição de participar no grupo depois do seu recente espancamento por agentes da polícia ter sido notícia.
Joaquim Eugénio Lumingu, pároco da Sagrada Família, confirmou o regresso de Laurinda Guveia ao coro afirmando que o seu afastamento não se deveu a nenhuma ordem da igreja.
Lumingu criticou a a violência da policia e disse que não se pode consentir o grau de violência que a polícia nacional tem exercido contra alguns cidadãos indefesos que se manifestam em Angola.
Aquele religioso fez estas declarações à Voz da América quando questionado sobre informações que indicavam que a activista Laurinda Gouveia teria sido afastada do grupo Coral Santa Cecília da Sagrada Família por participar nas manifestações.
“Nós não fazemos ideia do terror que ela viveu, não podemos admitir que num país democrático continuamos a assistir este grau de coerção e uma violência sem precedência”, disse.
Padre Joaquim Eugénio Lumingu esclareceu que Laurinda não foi proibida de cantar na igreja e que a decisão de um dos membros do grupo não espelha a decisão da Igreja. Afirmou também que o que Laurinda Gouveia fez não é pecado aos olhos de Deus.
“Tão logo tomei conhecimento, disse que ela nesta altura devia merecer ajuda até porque o que ela fez não constitui pecado para a igreja nem crime para a sociedade”, esclareceu.
O pároco disse que Laurinda Gouveia recomeçou a cantar ontem no seu grupo denominado Santa Cecília.
“Ela já está no grupo coral, ontem participou da santa missa e não houve qualquer constrangimento”, garantiu.
O padre aproveitou o momento para apelar o governo a dar maior atenção à violência contra cidadãos indefesos.
“Eu acredito que existem policias sérios mas há aqueles que, não sei se por excesso de zelo, por fanatismo ou por outras coisas, acabam por manchar a sua categoria e a sua instituição e por esses actos colocam o nosso país na lista das nações que violam os direitos humanos”, explicou.
De recordar que Laurinda Gouveia acusa comandantes da Polícia Nacional de a terem espancado no dia 23 de Novembro depois de ter sido presa quando filmava a uma manifestação de jovens na Praça 1o. de Maio.
Gouveia continua a sofrer de dores permanentes no corpo, inflamações nas pernas e problemas de audição.
A activista já formalizou a queixa contra os seus agressores.