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Analistas questionam combate à corrupção com aumento de empresas da família do Presidente moçambicano


Filipe Nysui
Filipe Nysui

O Centro de Integridade Pública de Moçambique (CIP) revelou que quando Filipe Nyusi tomou posse, pela primeira vez, como Presidente da República, em 2015, ele e seus filhos tinham cinco registos empresariais, mas volvidos cinco anos, em Janeiro, o número de empresas da família Nyusi cresceu para 14, o que para analistas, significa que vai ser difícil combater a corrupção com este tipo de desmandos.

De acordo com o CIP, muitas das empresas da família Nyusi não se encontram nos domicílios que constam dos Boletins da República e das listas telefónicas de Moçambique, "o que pode ser um indicador de que podem ser empresas 'James Bond', têm registos comerciais, mas nunca sairam do papel, aguardando, provavelmente, parceiros estratégicos que possam trazer capital para sairem do papel".

O Centro acrescenta que a mais recente empresa da família, a Agro-Pecuária Paroba Limitada, pertencente à primeira dama da República, Isaura Nyusi e seu filho, Ângelo Jacinto Nyusi, foi registada a 2 de Dezembro do ano passado.

"Está claro que não é possível combater a corrupção com uma vida desregrada como esta, em que volvidos cinco anos, a pessoa tem mais de 10 empresas, a corrupção combate-se com pessoas comprometidas com o princípio de legalidade", diz o analista Sande Carmona.

Para Adriano Nuvunga, por uma questão de ética, a família presidencial não deve estar envolvida em negócios e as pessoas que têm acesso ao poder do Estado não devem, simultâneamente, terem interesses privados.

"Devem ter interesse público porque disso têm todas condições e mordomias que decorrem da sua função pública, e quando se reformam, se reformam com com regalias de reis e rainhas", destaca.

Adriano Nuvunga afirma ainda que são esses interesses que emperram o combate à corrupção no país "porque não pode haver interesse em comabter a corrupção, justamente porque estariam a combater a si próprios".

Por seu turno, o analista Raúl Domingos defende que como forma de minimizar os desmandos, o acervo patrimonial dos titulares de cargos públicos e de seus familiares próximos deve ser submetido ao escrutínio público.

"Se fosse obrigatório a pessoa declarar o que tem na altura da tomada de posse, assim como no fim do mandato, penso que qualquer pessoa sentir-se-ia constrangido ao fazer esse tipo de desmandos", diz Raúl Domingos.

Entretanto, Adriano Nuvunga considera que existe uma legislação sobre esta matéria, mas "o problema é que os interesses dos grandes dirigentes não estão em seus nomes, estão em nome do gato e do cão de estimação lá em casa, da tia ou avó que vive lá em Chamanculo, pelo que é difícil, sem haver um sistema integrado, aferir o que eles têm".

Outros analistas dizem que não é ilegal a criação de uma empresa, o importante é ver a necessidade real dessa empresa, e que tipo de benefícios a mesma vai ter, pelo fato de o pai dessa família ser Presidente da República.

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