O ministro moçambicano da Defesa, Cristóvão Chume, disse que os grupos que aterrorizam a província de Cabo Delgado são dos mais agressivos e radicalizados do continente africano, uma posição com a qual não concordam alguns analistas políticos, quem consideram que o mérito das palavras do governante é o de reconhecer as fragilidades do Estado.
Chume, que falava numa conferência científica para discutir o terrorismo em Cabo Delgado, interrogou-se “como é que um grupo de jovens de Mocímboa da Praia atacou uma esquadra e se tornou um símbolo da insurgência em Moçambique, constituindo-se, hoje, num dos grupos mais radicalizados do nosso continente e até um dos mais agressivos que operam em África?”
As reacções não se fizeram esperar e o sociólogo Moisés Mabunda considera que as atrocidades do Boko Harami na Nigéria e de outros grupos terroristas noutros países não diferem muito das cometidas pelos jihadistas em Cabo Delgado.
Para aquele analista político, as palavras do ministro da Defesa Nacional têm o mérito de reconhecer que há fragilidades, "porque, realmente, as nossas forças de defesa e segurança estão fragilizadas, e daí que um grupo dejovens foi atacar a esquadra de Mocímboa da Praia".
Mabunda assinala que as fragilidades vão prevalecer, enquanto o país não tiver forças armadas capacitadas para fazer face a situações como estas e sublinha que as forças da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral e do Ruanda um dia vão ter que sair de Cabo Delgado.
O analista político Francisco Matsinhe diz não concordar com a posição do ministro da Defesa e realça que as atrocidades cometidas em Moçambique são iguais às cometidas no Mali, na República Democrática do Congo, no Chade, na Somália.
“Mas para mim, no nosso caso concreto, o importante é procurar perceber as motivações dos terroristas"”, conclui.
Nesta semana, o Presidente da República, Filipe Nyusi, disse que a proliferação de bombas, em Sofala, está a propiciar esquemas de financiamento ao terrorismo em Cabo Delgado, sem, no entanto, dar detalhes.
Ontem, o Governo aprovou uma estratégia para combater focos de financiamento ao terrorismo.