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Analistas moçambicanos alertam para tentativa de "esquecimento" do caso Manuel Chang


Manuel Chang no tribunal de Kempton Park,em janeiro de 2019
Manuel Chang no tribunal de Kempton Park,em janeiro de 2019

Analistas moçambicanos dizem haver alguma inércia e jogo de tempo relativamente ao caso Manuel Chang e outras pessoas detidas no âmbito das dívidas ocultas, cujo objectivo é fazer com que este escândalo financeiro caia no esquecimento.

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Ano e meio após as primeiras detenções terem sido feitas, nada se sabe sobre o processo de extradição do antigo ministro das Finanças, Manuel Chang, que se encontra detido na África do Sul desde dezembro de 2018.

Da mesma forma, não se sabe quando é que poderá iniciar-se o julgamento das 19 pessoas que se encontram detidas em Maputo, o que para o analista Tomás Rondinho "provoca apreensão na sociedade moçambicana, dado terem sido recolhidos elementos bastantes que justificam celeridade no processo".

"Há tentativa de, através deste silêncio, fazer-se esquecer o caso Manuel Chang porque já se conseguiu aquilo que se pretendia", acusa Tomás Rondinho, indicando que o que se queria "era chamar atenção para o facto de que houve rombo, mas esse rombo veio de fora".

"É polémico, mas eu defendo a libertação dos detidos, dando-lhes um prazo para devolverem o dinheiro do Estado "porque o que se está a fazer agora é apenas legitimar as dívidas", sublinha.

O jurista Tomás Vieira Mário também mostra-se preocupado com a falta de celeridade neste processo, afirmando, entretanto, existirem dois fatores que arrefeceram, particularmente, o caso Chang.

O primeiro tem a ver com a absolvição do libanês Jean Boustani, que terá arrefecido o apetite dos americanos relativamente a este caso, e o segundo fator é a pandemia da Covid-19, "que desviou toda a atenção e prioridade de todo o mundo".

"Mas o mesmo não se pode dizer em relação às pessoas que se encontram detidas em Moçambique porque eu acho que é alguma inércia ou algum jogo de tempo; não tem nada a ver com custos, os nossos juízes e procuradores estão a trabalhar normalmente", considera aquele jurista.

Manuel Chang encontra-se detido na África do Sul desde dezembro de 2019 depois de a justiça americana ter mandado prendê-lo.

O analista Fernando Lima considera que o processo da sua extradição segue o seu curso.

Em determinados círculos, afirma-se que Manuel Chang deve sentir-se bem na cadeia sul-africana, alegadamente porque receia que possa ser morto caso regresse a Moçambique.

Outras vozes, no entanto, dizem que é em Maputo onde ele deve ser julgado pelos crimes que cometeu.

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