O Governo moçambicano continua a trabalhar para criação de um fundo soberano, medida apoiada por especialistas, para os quais a instituição fai permitir gerir de forma eficaz situações como as provocadas pelo ciclone Idai.
Alertam, no entanto, que, em ano eleitoral, deve-se evitar a politização do fundo.
Ouvidos pela VOA, alguns analistas afirmam que não fosse a ajuda da comunidade internacional, para além da solidariedade dos próprios moçambicanos, o Governo ver-se-ia numa situação extremamente difícil, em termos de assistência às pessoas afectadas e de reconstrução das infraestruturas destruidas pelas intempéries.
Eles acrescentam que, eventualmente, o fundo não daria para resolver todos os problemas resultantes da passagem do ciclone pela zona centro, mas o Executivo não estaria numa situação tão complicada como a que se encontra neste momento.
Para o analista Moisés Mabunda, o fundo já" devia ter sido criado ontem e hoje o país não estaria com a mão estendida perante a comunidade internacional" porque está visto que só com o apoio dos cidadãos nacionais, não se resolveria nada.
O fundo vai ser financiado por receitas extraordinárias resultantes da exploração dos recursos naturais.
Contudo, Mabunda entende que "não nos devemos contentar apenas com a criação de um Fundo Soberano, a questão é como é que nós usamos esse fim".
O analista Manuel Alves também diz que o fundo é bem-vindo, mas tem dúvidas relativamente à forma como o mesmo vai ser gerido, porque "o nosso país tem muitos problemas de transparência e gestão da coisa pública
Nesta quarta-feira, em Maputo, o Presidente Filipe Nyusi dirigiu um encontro de reflexão sobre a criação de Fundo Soberano, tendo afirmado que a exploração de recursos naturais não pode permitir o aumento das desigualidades sociais.
Observadores alertam que "de seminários o país já está cansado e precisa de acções concretas, que possam minimizar o sofrimento e situações como as que vivem actualmente" em algumas províncias da zona centro.
O fundo soberano visa, fundamentalmente, diminuir os efeitos negativos do mercado internacional sobre a economia moçambicana.
Entretanto, o economista João Mosca considera que, apesar da descoberta e exploração de carvão e gás, estes recursos ainda não geram prosperidade porque não há política de transferência de rendimentos desses sectores para as áreas sociais e para as pequenas e médias empresas, e sublinha que em ano eleitoral, "deve-se evitar a politização do fundo soberano".