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Análise: Nyusi pode estar interessado na retoma de projectos de gás para criar legado


Presidente Filipe Nyusi, Moçambique
Presidente Filipe Nyusi, Moçambique

Pesquisador Borges Nhamirre recorda que “não há desenvolvimento sem segurança”

A petrolífera francesa Total adiou para 2026 a previsão de produção de gás natural liquefeito em Cabo Delgado, mas o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, diz acreditar que a qualquer momento, o projecto possa voltar a funcionar em pleno.

Analistas dizem tratar-se de um esforço do estadista, quase no fim do seu segundo e último mandato, para deixar um "legado" para os moçambicanos.

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"Tudo indica que na parte onshore, vai ser visível o trabalho desenvolvido, porque as empresas sairam de Afungi por causa da guerra, e até à altura em que esta situação estiver esclarecida, ninguém vai querer perder esta oportunidade de explorar o gás", afirmou Filipe Nyusi, numa recente conferência de imprensa.

Nyusi acrescentou que "estamos a trabalhar com o Ruanda e acreditamos que a qualquer momento, o projecto poderá funcionar em pleno".

Legado

Para o analista Tomás Rondinho, "nota-se aqui, muito claramente, o esforço do presidente Nyusi para sair pela porta grande e deixar um legado, quando terminar o seu mandato como Chefe de Estado, mas penso que ainda não há condições de segurança para a Total regressar a Afungi".

"É natural que o presidente Nyusi, que está quase a meio do seu segundo e último mandato presidencial, manifeste este desejo, porque, eventualmente, quer deixar como presente para os moçambicanos, o projecto de gás natural de Palma, mas duvido que isso aconteça porque a situação em Cabo Delgado ainda não está totalmente estabilizada. Nenhum investidor põe o seu dinheiro numa zona insegura", realçou o analista Mário Ubisse.

Segundo aquele analista, " o Presidente Nyusi reforçou muito o seu capital político com os progressos que se têm vindo a registar na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, mas julgo que este desejo de ver a Total de novo em Palma dentro de pouco tempo, vai ser difícil de se concretizar".

Estabilidade

Entretanto, para o pesquisador Borges Nhamirre, a grande preocupação do Presidente Nyusi nem devia ser o projecto de gás, "porque quando ele assumiu o cargo de Presidente de Moçambique, Cabo Delgado era estável, pelo que alguma coisa falhou para que o conflito não passasse para a fase de escalada em que se encontra neste momento".

Na sua opinião, "o maior legado que o Presidente Nyusi pode deixar, muito antes de pensar no gás, é a estabilidade em Cabo Delgado e em todo o país".

Nhamirre anotou que "qualquer esforço para a secundarização de questões de segurança vai redundar num fracasso, porque não há desenvolvimento sem segurança".

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