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Trump: Americanos podem enfrentar “dor” com novas tarifas sobre parceiros comerciais


O Presidente dos EUA, Donald Trump, fala à imprensa depois de assinar uma ordem executiva na Sala Oval da Casa Branca, em Washington, DC, a 31 de janeiro de 2025.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, fala à imprensa depois de assinar uma ordem executiva na Sala Oval da Casa Branca, em Washington, DC, a 31 de janeiro de 2025.

Presidente norte-americano afirma que tarifas sobre importações do Canadá, China e México valerão o preço para reforçar os interesses americanos

O Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou no domingo, 2, que os norte-americanos podem enfrentar "dores" económicas devido às novas tarifas que está a impor aos três maiores parceiros comerciais do país — Canadá, China e México — mas o preço "valerá a pena" para reforçar os interesses dos EUA.

Apesar de partilhar um pacto de comércio livre que negociou com o Canadá e o México no seu primeiro mandato, Trump impôs, no sábado, 1, tarifas de 25% aos dois países, que entrariam em vigor na terça-feira, e atingiu a China com uma nova taxa de 10%, para além das já existentes.

Trump alegou que os três países não estavam a fazer o suficiente para impedir a imigração ilegal e a entrada de fentanil nos Estados Unidos.

Em publicações no Truth Social, no início do domingo, 2, Trump reconheceu que os consumidores americanos podem enfrentar preços mais elevados devido às tarifas. As empresas americanas que pagam tarifas ao governo federal para importar produtos de outros países, geralmente, transferem pelo menos parte, se não a totalidade, dos seus custos mais elevados para os consumidores, em vez de absorverem elas próprias as despesas extra.

Segundo mandato de Trump: Esperanças de prosperidade económica em meio aos novos desafios
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Mas Trump dirigiu a maioria dos seus comentários ao Canadá, visando um dos aliados mais próximos dos EUA. O U.S. Census Bureau disse que os EUA tiveram um défice comercial de 55 mil milhões de dólares com o Canadá no ano passado.

"Porquê? Não há razão”, afirmou Trump.

Não precisamos de nada que eles tenham. Temos energia ilimitada, devíamos fabricar os nossos próprios carros e temos mais madeira do que aquela que podemos utilizar".
Donald Trump, Presidente dos EUA

“Sem este subsídio massivo, o Canadá deixa de existir como um país viável. Duro, mas verdadeiro! Portanto, o Canadá deve tornar-se o nosso estimado 51º Estado. Impostos muito mais baixos e muito melhor proteção militar para o povo do Canadá — E SEM TARIFAS!” Disse Trump.

“O Canadá, o México, a China e muitos outros países para citar, continuam a ROUBAR A AMÉRICA há décadas, tanto no que diz respeito ao COMÉRCIO, CRIME E DROGAS VENENOSAS que são permitidas fluir tão livremente para a AMÉRICA. “ESTES DIAS ACABARAM!”

Com as novas tarifas, Trump disse: "Haverá alguma dor? Sim, talvez (e talvez não!). Mas faremos a América grande outra vez, e tudo isto valerá o preço que deve ser pago".

Os conselheiros de Trump evitaram anteriormente reconhecer que as tarifas poderiam aumentar os preços ao consumidor nos EUA. As sondagens nacionais nos EUA mostraram que a frustração dos consumidores com o aumento dos preços nos últimos quatro anos foi um fator importante na sua vitória eleitoral em novembro sobre a democrata Kamala Harris.

Desde então, Trump reconheceu que não será fácil conter os elevados preços dos alimentos. Trump estabeleceu uma nova tarifa sobre as importações de energia do Canadá em 10%, aparentemente procurando limitar o aumento dos preços dos combustíveis e da eletricidade.

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, disse no sábado que o seu país reagiria com impostos próprios de 25% sobre produtos americanos selecionados, avaliados em 106,6 mil milhões de dólares, com uma primeira ronda na terça-feira, seguida de uma segunda em três semanas.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, discursa, ladeado pela ministra dos Negócios Estrangeiros, Melanie Joly (E), e pelo ministro das Finanças e Assuntos Intergovernamentais, Dominic LeBlanc.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, discursa, ladeado pela ministra dos Negócios Estrangeiros, Melanie Joly (E), e pelo ministro das Finanças e Assuntos Intergovernamentais, Dominic LeBlanc.

Os líderes de várias províncias canadianas também já anunciaram ações de retaliação, como a interrupção imediata das compras de bebidas alcoólicas aos EUA e, mais especificamente, do sumo de laranja produzido no estado norte-americano da Florida, do whisky no Tennessee e da manteiga de amendoim no Kentucky, três estados onde Trump ganhou nas eleições de novembro passado e todos representados por republicanos, como Trump, no Senado dos EUA.

Kirsten Hillman, a embaixadora canadiana nos EUA, disse ao programa “This Week”, da ABC: “Estamos realmente desapontados” e “perplexos” com as ações de Trump e disse esperar que Trump recuasse antes de terça-feira. Mas ela reconheceu que “está realmente nas mãos do presidente” se isso vai acontecer.

Kirsten Hillman, Embaixadora do Canadá nos EUA.
Kirsten Hillman, Embaixadora do Canadá nos EUA.

Ela disse que “menos de 1% dos imigrantes ilegais” que entram nos EUA viajam através da fronteira norte com o Canadá. Ela disse que o Canadá investiu “em muitos equipamentos” para travar as passagens de fronteira não autorizadas e conduziu exercícios conjuntos com os EUA para capturar migrantes.

“É difícil saber o que mais poderíamos fazer”, disse ela. “Não estamos minimamente interessados em intensificar” uma guerra comercial com os EUA, onde ela disse que 99% do comércio é atualmente livre de tarifas. “Estamos ansiosos para desenvolver isso.”

Entretanto, a Presidente mexicana Claudia Sheinbaum disse ter orientado o seu ministro da Economia para "implementar o Plano B", que inclui "medidas tarifárias e não tarifárias em defesa dos interesses do México" ainda não especificadas, sem especificar quais os produtos norte-americanos o seu governo terá como alvo.

As exportações dos EUA para o México totalizaram mais de 322 mil milhões de dólares em 2023, segundo dados do Census Bureau, enquanto os EUA importaram mais de 475 mil milhões de dólares em produtos mexicanos.

Sheinbaum atacou a alegação de Trump de que a sua Administração tinha unido forças com cartéis de droga, uma alegação que fez ao anunciar os aumentos das tarifas.

“Rejeitamos categoricamente a alegação caluniosa da Casa Branca de que o governo do México tem alianças com organizações criminosas, bem como qualquer tentativa de intervir no nosso território”, escreveu Sheinbaum no X. “Se houver algum lugar onde tal aliança de facto exista, é é nas fábricas de armas dos Estados Unidos que vendem armas de alta potência a estes grupos criminosos.”

O Ministério do Comércio da China afirmou, em comunicado, que a ação de Trump “viola seriamente” as regras do comércio internacional, instando os EUA a “envolver-se num diálogo franco e a reforçar a cooperação”.

Trump também ameaçou impor novas tarifas contra a União Europeia. Um porta-voz do bloco disse no domingo que "responderia firmemente a qualquer parceiro comercial que impusesse tarifas de forma injusta ou arbitrária".

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