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Activistas lançam campanha contra mutilação genital feminina na Guiné-Bissau


O silêncio é o maior adversário das activistas contra o fenómeno no país

O mundo assinala nesta segunda-feira, 6, o Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, sob o lema "mobilizar parcerias com homens e rapazes para transformar normas sociais e de género para o fim da mutilação genital feminina".

Na Guiné-Bissau, a data marcou a abertura de uma campanha contra esta prática, que vai decorrer durante o mês de Fevereiro.

Activistas lançam campanha contra mutilação genital feminina na Guiné-Bissau
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Por se tratar de uma prática de pendor sociocultural dominante em algumas etnias islamizadas na Guiné-Bissau, o Comité Nacional para o Abandono de Práticas Nefastas, entidade especializada na luta contra este costume, tem desencadeado as suas acções, sobretudo, nas zonas rurais.

Como resultado cerca de mil comunidades já declararam o fim da mutilação genital feminina.

Marliatu Djaló Condé, presidente do Comité Nacional para o Abandono de Práticas Nefastas
Marliatu Djaló Condé, presidente do Comité Nacional para o Abandono de Práticas Nefastas

Em entrevista à VOA, a partir de Gabú, onde se encontra em acção da campanha de sensibilização, Marliatu Djaló Condé, presidente do órgão afirma que o actual quadro da mutilação genital feminina no país é preocupante.


"Um estudo demonstra que 52% de mulheres de 15 a 49 anos são excisadas e 29,7% da população de 0 a 14 anos, também são vitimas da mutilação genital femimina, é uma estatística preocupante comparada com os indicadores de 2014", diz Condé, quem aponta os motivos que sustentam o fenómeno do país.

"Os factores sócios-culturais e religiosos continuam a ser âncora das pessoas que defendem a continuidade da mutilação genital feminina. Sendo um aspecto cultural muito enraizado nas tradições das comunidades praticantes, temos a noção, desde o início, que seria um processo difícil e lento, mas não a este nível, porque as informações estão disponíveis. Até as últimas comunidades estão a ser beneficiárias das acções que têm sido levadas a cabo pelo Comité Nacional de Luta contra Práticas Nefastas e pelas organizações membros", explica a activista.

Nesse combate, a maior dificuldade que os activistas têm "encontrado tem a ver com sigilo comunitário", segundo Condé que acrescenta não haver denúncias.

Apesar do registo de notas positivas, o combate à mutilação genital feminina continua a oferecer resistências nas comunidades do interior do país.

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