Decorre na Guiné-Bissau a campanha de compromisso público sobre o abandono da prática de Mutilação Genital Feminina nas comunidades rurais.
No lançamento da iniciativa, que vai até fevereiro de 2022, 18 comunidades nas localidades norte do país já declararam o fim da prática de mutilação genital feminina.
“É uma vitoria. É uma vitoria para o Comité e para as organizações que trabalham e as que financiam também acções do género”, disse Marliatu Djaló Condé, líder do Comité Nacional para o Abandono das Práticas Tradicionais Nefastas.
Esta não é a primeira vez que acções do género têm lugar na Guiné-Bissau. No passado, muitas tabancas ou comunidades haviam declarado o fim da mutilação genital feminina, mas retomaram, segundo o registo das organizações vocacionadas.
A resistência, disse Condé, tem a ver com “aspectos socioculturais e religiosos”, com algumas pessoas a afirmar que a ideia de abandonar a mutilição é ocidental.
Condé recordou que essas pessoas “alegam ainda que a mulher não excisada não é pura, e não pode cumprir, de uma forma cabal, as suas obrigações religiosas”.
Além disso, segundo Condé, o sistema judicial é ineficiente, “sobretudo a fraca aplicabilidade das leis existentes”.
Apesar de reconhecer que “o ser humano é um bocado complexo”, Condé é optimista.
“Não posso aqui afirmar que os compromissos desta vez serão respeitados ao pé de letra, mas posso garantir que o constante seguimento às comunidades e acções pontuais serão uma forma de accionar o sino de lembrete”, disse.