A França apelou esta terça-feira ao Senegal para que assegure uma resposta "proporcional" a quaisquer protestos, após a violência causada pelo adiamento das eleições presidenciais ter matado três pessoas.
"A França apela novamente às autoridades para que realizem as eleições presidenciais o mais rapidamente possível", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês em comunicado.
A França apela a que qualquer uso da força seja "proporcional", depois de as Nações Unidas terem assinalado "relatos de uso desnecessário e desproporcionado da força contra os manifestantes".
"A França encoraja todos os atores senegaleses a favorecerem o diálogo e a preservarem a longa tradição democrática do Senegal", afirmou.
A decisão do Presidente Macky Sall, no início deste mês, de adiar a votação de 25 de fevereiro mergulhou o país, tradicionalmente estável, numa das suas piores crises em décadas.
Três pessoas, incluindo um adolescente, morreram nos tumultos que se seguiram.
Na terça-feira, as autoridades senegalesas suspenderam a Internet móvel e proibiram uma marcha contra o adiamento da votação.
Os protestos estão a afetar o turismo, sector representava 10% do produto interno bruto antes da pandemia de COVID-19, de acordo com os dados do Banco Mundial.
"Registámos um grande número de cancelamentos devido à crise", declarou Pape Berenger Ngom, presidente da Associação dos Profissionais de Hotelaria e Restauração do Senegal.
"As reservas de hotéis foram particularmente afetadas", acrescentou.
As pesquisas de voos para o Senegal, que depende fortemente do comércio de sol de inverno, caíram 17% na semana de 2 a 8 de fevereiro, em comparação com a semana anterior, de acordo com a consultora ForwardKeys, que monitoriza as tendências do sector das viagens.
No entanto, o operador do aldeamento turístico Club Med indicou que, até à data, não houve grande impacto.
A sua estância de Casamance estava 98% cheia na segunda-feira e não impôs restrições às deslocações ao exterior, afirmou.
Várias multinacionais parecem estar preparadas para enfrentar a tempestade, com o gigante britânico do petróleo e do gás BP e a australiana Woodside a desenvolverem novos campos de petróleo ao largo da costa senegalesa.
Multinacionais como a Nestlé, a Philip Morris e a TotalEnergies também têm operações no Senegal.
As informações para este artigo foram obtidas junto da Agence France-Press e da Reuters.