As autoridades migratórias de Tete admitiram nesta quinta-feira, 18, que redes clandestinas de imigração ilegal reforçaram a utilização da província moçambicana como ponto de entrada e corredor de tráfico de seres humanos com destino a África do Sul e estão a reforçar patrulhas para desactivar novas rotas.
As mesmas fontes indical que as redes clandestinas de imigração ilegal estão a explorar novas rotas na extensa e porosa fronteira de Tete, introduzindo a partir do distrito de Zumbo imigrantes ilegais para contornar o reforço de patrulha nas fronteiras com Malawi, Zâmbia e Zimbabwe, países vizinhos também usados como corredores.
Na sequência, as autoridades migratórias de Tete repatriaram na terça-feira, 16, para o Malawi, um grupo de 15 imigrantes ilegais etíopes encontrados à deriva num cemitério tradicional no distrito de Zumbo, cerca de 500 quilómetros da cidade de Tete, onde aguardavam por um guia.
“Os estrangeiros foram interpelados por uma equipa operativa durante uma patrulha noturna num cemitério dentro de uma mata, tendo sido já repatriados” disse à Voz da América Amélia Direito, porta-voz da Migração em Tete, realçando que a rota não é comum para imigrantes dos grandes lagos.
Direito garantiu que as autoridades estão a trabalhar para a localização e detenção do facilitador dos imigrantes, cujo cerco de sua atuação “está a ficar cada vez mais apertado”.
Nos primeiros quatro meses deste ano, prosseguiu Direito, 15 cidadãos moçambicanos e malawianos foram detidos por conivência e facilitação da imigração ilegal em Tete, parte dos quais a cumprirem penas e outras a aguardar o seguimento dos procedimentos judiciais.
“Alguns dos facilitadores já foram responsabilizados e outros permanecem sob custodia das autoridades judiciais de Tete”, frisou Amélia Direito, avançando que as autoridades reforçaram os planos operativos para deter a rede clandestina de imigração ilegal.
A fonte disse que as autoridades estão a sensibilizar também as comunidades fronteiriças para serem vigilantes e não permitir que o país “sirva de corredor” e esteja em ameaça face os ataques do grupo terrorista que atua em Cabo Delgado, envolvendo estrangeiros.
Corredor frágil
O incidente mais grave com imigrantes ocorreu em 2020 em Tete, quando 64 imigrantes ilegais etíopes morreram asfixiados num contentor a caminho da África do Sul.
O camião era proveniente do Malawi e 14 sobreviveram à tragédia.
Em Outubro de 2022, a Polícia deteve 99 cidadãos malawianos, incluindo nove mulheres, que eram transportados num camião cisterna, entre as províncias de Manica e Tete, centro do país, num caso também suspeito de tráfico humano.
Moçambique tem sido usado como corredor por imigrantes etíopes, paquistaneses, bengaleses, nepaleses e sobretudo malawianos que pretendam chegar a África do Sul, o país mais industrializado no continente africano.
Muitos aproveitam agentes corruptos da Polícia.
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