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Juízes e procuradores fazem protesto em silêncio pela situação da justiça em Angola


Juízes angolanos fazem protesto silencioso em Luanda, Angola.
Juízes angolanos fazem protesto silencioso em Luanda, Angola.

Além da melhoria dos salários, eles queixam-se de falta de mobiliário e de meios técnicos e logístico para o normal funcionamento da justiça, falta de veículos ou de meios e mecanismos adequados que facilitam a locomoção dos oficiais de diligências

Juízes e procuradores angolanos fizeram nesta quarta-feora, 1, nos tribunais das comarcas um protesto silencioso para exigirem uma magistratura independente e melhores condições salariais e laborais.

Além da melhoria dos salários, eles queixam-se de falta de mobiliário e de meios técnicos e logístico para o normal funcionamento da justiça, a falta de veículos ou de meios e mecanismos adequados que facilitam a locomoção dos oficiais de diligências para cumprirem as suas tarefas sem recursos aos salários.

Em declarações à imprensa junto do Tribunal da Comarca de Luanda, o presidente da Associação dos Juízes de Angola (AJA) afirmou que o protesto visou também chamar a atenção das instituições sobre a necessidade de uma reflexão do Estado actual do sector.

"Isso passa por abordar a questão da estrutura física dos tribunais, passa por avaliar a quantidade de funcionários que laboram para executar as decisões, para notificar as partes, ou seja, para fazer o tribunal acontecer", disse Esmael Silva.

O sindicalista acrescentou que o sector necessita mais investimentos e que é necessário imprimir celeridade processual porque "isso compromete o direito fundamental de acesso ao direito e à justiça".

Aquele sindicalista apontou que a organização "tem acompanhado com muita preocupação esse ambiente que se criou em torno do poder judicial" e pediu que, antes as denúncias feitas contra titulares do poder judicial, pediu às instituições vocacionadas a darem tratamento a cada um desses casos, mas que "não o façam em silêncio, que comuniquem com o povo angolano, que quer saber o que é que se passa, respeitando os direitos dos envolvidos".

Esta é a segunda vez, em menos de dois anos, que os juízes e procuradores protestam por melhores condições de trabalho.

O protesto acontece no dia em que estava prevista a cerimónia de abertura do ano judicial, entretanto adiada sem nova data e sem justificações.

Ontem, a Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que a presidente do Tribunal de Contas (TC) de Angola, Exalgina Gambôa, e o filho, Hailé Vicente da Cruz, foram constituídos arguidos pelos crimes de peculato, extorsão e corrupção.

Na segunda-feira, a Presidência da República divulgou um post no qual dizia que João Lourenço pediu no dia 21 à presidente do TC que apresentasse o pedido de demissão devido "as relevantes ocorrências respeitantes ao funcionamento do Tribunal de Contas, órgão supremo de fiscalização da legalidade das finanças públicas, as quais são susceptíveis de comprometer o normal funcionamento deste importante órgão do poder judicial e manchar o bom nome da justiça angolana".

Entretanto, só hoje, o TC e a Presidência da República confirmaram que Lourenço aceitou a saída de Gambôa por jubilação antecipada.

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