O secretário de Estado na província moçambicana de Cabo Delgado diz estar preocupado com a falta de informações sobre as fontes de financiamento do terrorismo e o alastramento deste fenómeno a outras províncias, por entre críticas de alguns analistas políticos de que o país não investe em instituições fortes à altura deste desafio.
António Supeia defende que os Serviços de Investigação Criminal devem identificar os mandantes e os financiadores do terrorismo em Cabo Delgado, bem como travar o alastramento deste fenómeno a outras províncias.
"É fundamental o envolvimento destes serviços, conjuntamente com as demais forças no teatro operacional norte, no combate aos terroristas em todas as suas manifestações", exigiu aquele governante, num encontro com responsáveis daquela instituição.
As Nações Unidas divulgaram recentemente um relatório no qual desenham o perfil dos financiadores e diz que o negócio de rubis pode ser uma das principais fontes de financiamento do terrorismo, uma posição com a qual está de acordo o investigador do Instituto de Estudos de Segurança em África, Borges Nhamirre.
"Teoricamente, isso é possível porque nós temos em Cabo Delgado um sub-mundo de exploração de rubis, que são retirados das matas e depois são vendidos a compradores, muitos dos quais estrangeiros, e a probabilidade desse dinheiro de venda ilegal de rubis vir a financiar o terrorismo é grande", realça aquele investigador.
Contudo, Nhamirre considera difícil identificar os financiadores do terrorismo, porque estes são o coração deste fenómeno, para além de que os tipos de financiamento são vários e podem ser contribuições voluntárias de pessoas que vivem na sociedade, e no caso de Cabo Delgado, podem resultar também do tráfico de madeira e outros recursos existentes na província.
No seu entender, ainda que o Governo tivesse identificado os financiadores, nunca iria apresentá-los publicamente, iria sempre procurar neutralizá-los, porque a partir do momento em que os apresenta ao público, eles mudam de estratégia.
Mas, para outros analistas políticos, o problema reside no facto de que o país não reúne capacidade para fazer face ao terrorismo em Cabo Delgado porque ser um fenómeno complexo e exigir uma enorme capacidade interna de produção e gestão de informação, bem como instituições fortes à altura do desafio, que não é o caso de Moçambique.
O pesquisador do Instituto de Estudos Económicos e sociais (IESE), Sebastião Forquilha, diz que para além disso, demorou muito tempo para o Estado moçambicano reconhecer, publicamente, "que estava face ao problema ligado ao jihadismo, como também as operações no terreno não reflectiam a complexidade do próprio fenómeno".
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