Novas imagens e vídeos divulgados na terça-feira, 6, por canais de propaganda do Estado Islâmico, e replicadas nas redes sociais, mostram grupos de jovens, ilustrados como novos recrutas, a prestarem juramento de fidelidade ao líder rebelde em Cabo Delgado, norte de Moçambique, e analistas alertam para o risco de as células estarem a ser reavivadas e fortalecidas.
Nas imagens postas a circular, que não foi possível verificar de forma independente, dezenas de jovens empunhando armas de fogo e empunhando bandeiras do Estado Islâmico, prestam juramento de fidelidade à liderança rebelde em Cabo Delgado.
“IS-Moz é o mais recente afiliado a prometer ‘Bay’ah’ (na terminologia islâmica, é um juramento de lealdade a um líder) ao novo califa do Estado Islâmico, Abu al-Hussein al-Husseini al-Quraishi”, escreve no Tweeter a especialista em dados de conflitos, Jasmine Opperman, sobre o referido juramento.
Opperman, que acompanha o conflito em Cabo Delgado, escreve que as fotos de juramento, republicadas na sua página, foram tiradas ao longo do leito do rio Messalo, entre os distritos de Muidumbe e Macomia, onde as autoridades militares reconhecem manterem-se ativas células rebeldes.
Robustez
Entretanto o analista moçambicano, Wilker Dias, que também segue a insurgência em Cabo Delgado, observa que a propaganda do juramento de fidelidade, com “alta margem de verdade” pode estar a transmitir a ideia de robustez das células e da ideologia da guerra, reavivando os grupos possivelmente enfraquecidos.
Para o analista, a estratégia usada nos ataques recentes do grupo rebelde contra alvos militares [que matou dois militares da missão da SADC semana passada], mostra um aperfeiçoamento da guerrilha, insistindo que o juramento de fidelidade, além de estar a propagar actores externos, também é uma ameaça para a radicalização ainda maior do conflito.
“O nível de ataques a alvos militares, principalmente das emboscadas, demonstra que estamos perante uma situação de renovação dentro da força terrorista, não só a nível tático, mas também no modo de pensamento, que evidencia um perigo claro para as tropas operativas”, que combatem a insurgência, disse Wilker Dias em declarações à VOA.
No entender de Dias, o aparecimento de um comandante do Estado Islâmico pode significar uma nova dinâmica do conflito que continua sem rosto em Cabo Delgado.
As autoridades governamentais ainda não se pronunciaram sobre a circulação dessas imagens.
Refira-se que em várias cidades e vilas do centro de Moçambique, a Polícia disse ter abortado o recrutamento de dezenas de jovens, que supostamente iam se juntar ao grupo radical que ataca desde 2017 os distritos da província de Cabo Delgado.
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