Os chefes de Estado-Maior da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) devem decidir na próxima semana a composição e a data do envio da força militar de estabilização do bloco regional que vai ficar na Guiné-Bissau para, segundo o Presidente da República, assegurar as próximas eleições.
A informação foi avançada pelo novo representante da CEDEAO em Bissau na sexta-feira, 8, após apresentar as cartas credenciais ao Presidente Umaro sissoco Embaló.
“A força de estabilização vai chegar em breve à Guiné-Bissau. Apenas estamos à espera da missão de chefes de Estado-Maior da CEDEAO na próxima semana para analisar a situação para depois decidir a data", afirmou Hamidou Boly, sem dar mais detalhes.
O diplomata do Burkina Faso substitui Emmanuel Ohim, do Benin, que representou a CEDEAO por quase três anos em Bissau.
A força de estabilização foi aprovada na Cimeira de chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, realizada a 3 de Fevereiro, em Accra, Gana, dois dias depois de uma alegada tentativa de golpe de Estado em Bissau.
O Presidente da República disse, na altura, que a tantativa foi abortada e desde então várias pessoas foram detidas, algumas delas, segundo Umaro Sissoco Embaló, próximas do antigo chefe da Marina, Bubu Na Tchuto.
Dois meses depois, uma investigação anunciada pelas autoridades civis e militares ainda não apresentou qualquer conclusão e os detidos não foram apresentados à justiça, o que tem motivado muitas críticas por parte da Liga Guineense dos Direitos Humanos.
PAIGC critica
O PAIGC, na oposição, através do seu presidente, rejeitou a força de estabilização sem a aprovação da Assembleia Nacional Popular e pediu aos demais partidos do Espaço de Concertação Política que façam o mesmo.
“Devemos dizer à CEDEAO, de forma muito clara, que temos uma Constituição da República na Guiné-Bissau que indica que é a Assembleia Nacional Popular, entidade competente, em nome do povo guineense, para pedir um eventual apoio de uma força estrangeira e definir a sua missão e seu mandato. Enquanto este pedido não for feito, devemos nos levantar todos para convocar a nação guineense e dizer não à entrada de qualquer força estrangeira na Guiné-Bissau, sem autorização da Assembleia Nacional Popular”, disse Domingos Simões Pereira numa conferência de imprensa a 9 de Fevereiro, na qual desafiou as formações políticas UM, APU-PDGB, PCD, PSD, Manifesto do Povo e MDG a assumirem essa posição.
Simões Pereira, que afirmou acreditar que a CEDEAO ouvirá “a voz do povo”, lembrou que uma força estrangeira é solicitada “quando acontece alguma coisa no seu país e reconhece que a sua força armada não tem capacidade para controlá-la”.