Links de Acesso

Líder do PAIGC apela à calma e diz que Parlamento deve pronunciar-se sobre força da CEDEAO


Domingos Simōes Pereira, presidente do PAIGC (Foto de Arquivo)
Domingos Simōes Pereira, presidente do PAIGC (Foto de Arquivo)

Partidos do Espaço de Concertação Pública pedem comissão de inquérito independente à tentativa de golpe de Estado

O presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), na oposição, rejeita a força de estabilização da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) sem a aprovação da Assembleia Nacional Popular e pediu aos demais partidos do Espaço de Concertação Política que façam o mesmo.

Domingos Simões Pereira fez esta afirmação numa conferência de imprensa nesta quarta-feira, 9, na sede do PAIGC, na qual abordou a situação política do país, levantando muitas dúvidas sobre os factos em torno da tentativa de golpe de Estado do dia 1.

“Devemos dizer à CEDEAO, de forma muito clara, que temos uma Constituição da República na Guiné-Bissau que indica que é a Assembleia Nacional Popular, entidade competente, em nome do povo guineense, para pedir um eventual apoio de uma força estrangeira e definir a sua missão e seu mandato. Enquanto este pedido não for feito, devemos nos levantar todos para convocar a nação guineense e dizer não à entrada de qualquer força estrangeira na Guiné-Bissau, sem autorização da Assembleia Nacional Popular”, defendeu Simões Pereira que desafiou as formações políticas UM, APU-PDGB, PCD, PSD, Manifesto do Povo e MDG a assumirem essa posição.

Simões Pereira, que disse acreditar que a CEDEAO ouvirá “a voz do povo”, lembrou que uma força estrangeira é solicitada “quando acontece alguma coisa no seu país e reconhece que a sua força armada não tem capacidade para controlá-la”.

"Temos que perguntar as nossas Forças Armadas quais são as missões que foram incumbidas e que não conseguiram resolver e precisam da presença de uma força estrangeira. Se não for isso, temos que ser capazes de questionar se não será uma força para vir controlar as nossas forçar armadas”, afirmou o líder do PAIGC, que, entretanto, perguntou “se não será a oficialização da força militar que fazia exercício militar nas águas territoriais guineenses”.

As perguntas a propósito de 1 de Fevereiro

Ao abordar os incidentes de 1 de Fevereiro, depois de narrar os acontecimentos, Domingos Simões Pereira considerou que “se o objectivo dos assaltantes era atingir as pessoas que ali se encontram e que tinham todos agrupados num local por cinco horas, mas no final saíram todos e ninguém foi ferido”, então “alguma coisa não está bem clara e aguardamos a explicação das autoridades que vieram afirmar que é o problema do narcotráfico”

“Se fosse na verdade o problema da droga, quem eram as pessoas que assaltaram o Palácio do Governo? Quem as enviou e como chegaram ao palácio?”, questionou o líder do PAIGC, para quem ainda não se sabe se os assaltantes eram militares ou civis.

Simões Pereira afirmou que os partidos do chamado Espaço de Concertação Política exigem a criação de uma comissão de inquérito competente e independente capaz de investigar o que terá acontecido para informar ao povo guineense sobre a tentativa de golpe de Estado.

Defender a verdade

O presidente do PAIGC condenou também o ataque recente a jornalistas e comentadores e sublinhou que é momemto “de apelar à calma porque este regime vai acabar por afogar-se na porcaria criada por si mesmo”.

“Não podemos ter medo de continuar a defender a verdade e a justiça na Guiné-Bissau. Vejo no rosto das pessoas. Vejo que estão prontas a explodir de tanta raiva, sei que estão dispostas a reagir às provocações, mas sei que temos responsabilidades acrescidas para lhes dizer que não é o caminho”, concluiu o presidente do PAIGC que ainda acusou o regime de tentar impedir a realização do X Congresso do partido marcado para 17 a 20 deste mês.

XS
SM
MD
LG