Um confronto entre a Polícia e um grupo de manifestantes que protestava contra o aumento de rapto de menores e suposto tráfico de seus órgãos, provocou nesta quarta-feira, 7, uma morte e vários feridos num subúrbio de Chimoio, na província moçambicana de Manica.
Segundo relatos dos moradores, a população furiosa destruiu duas residências de um comerciante local, suspeito de ter raptado dois filhos dos seus empregados, ao encontrar no interior da casa dele, no bairro 25 de Junho, parte de órgãos humanos guardados em congeladores.
Na sequência, a Polícia da República de Moçambique (PRM) disparou balas reais e gás lacrimogeneo para dispersar os manifestantes, tendo iniciado um confronto que acabou com a morte de uma pessoa e ferimentos de várias outras, além da detenção de 54 manifestantes por, alegadamente, instigarem justiça pelas próprias mãos.
“Este homem raptou duas crianças no Piloto, as crianças desapareceram após ele ter aparecido com um carro”, disse à VOA um morador, na condição de anonimato por recear represálias.
Outra moradora contou que a população já vinha reclamando de desaparecimentos de crianças e as suspeitas recaíam no referido comerciante.
O porta-voz da PRM em Manica, Mário Arnaça, disse que a corporação está a investigar o incidente e continua a trabalhar para esclarecer o envolvimento do comerciante nos crimes de rapto.
De referir que o nome do comerciante já esteve associado a vários casos de tentativa de rapto de crianças abortados pela Polícia em Manica.
Raptos de crianças têm acontecido na região central de Moçambique e são geralmente ligados ao sacríficio de órgãos humanos para feitiçaria e outras práticas.