Os presidentes de Moçambique e da África du Sul pediram ao Conselho de Segurança que crie condições para o diálogo entre a Rússia e a Ucrânia com vista a colocar um fim à invasão russa.
Eles também justificaram a abstenção de Maputo e Pretória na Assembleia Geral da ONU sobre a invasão russa e manifestaram preocupação com golpes de Estado em vários países africanos.
Em comunicado divulgado no final da reunião da Comissão Binacional entre a África do Sul e Moçambique, realizada nesta sexta-feira, 11, em Pretória, Filipe Nyusi e Cyril Ramaphosa “instaram o Conselho de Segurança das Nações Unidas a mandatar o secretário-geral das Nações Unidas para iniciar um diálogo entre a Rússia e a Ucrânia”.
Eles apelaram “a uma abordagem equilibrada do conflito através do diálogo que atenderá as preocupações de segurança de ambas as partes no conflito” e, na nota, “expressaram a sua preocupação com a crescente crise humanitária na Ucrânia”.
Ambos chefes de Estado justificaram a abstenção dos respectivos governos na votação da resolução da Assembleia Geral que condenou a invasão russa, a 2 de Março, dizendo que ela “foi baseada na convicção de que a resolução não foi fundamentada numa avaliação equilibrada das causas subjacentes ao conflito” e apelaram a uma análise “equilibrada do conflito através do diálogo que abordará as preocupações de segurança de ambas as partes em conflito”.
Reforma do CS da ONU e apoio a Moçambique
Ainda a propósito do papel da ONU, Nyusi e Rasmaphosa defenderam a necessidade da reforma do Conselho de Segurança e Pretória reconfirmou o seu apoio à candidatura de Moçambique a membro não-permanente a partir de Janeiro do 2023.
No campo bilateral, os dois Chefes de Estado congratularam-se com o reforço da copperação e da “amizade” entre os dois países e “ressaltaram a necessidade de intensificar colaboração em áreas que prometem impacto e benefício imediatos”.
A situação em Cabo Delgado, onde tropas da África do Sul ajudam as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique a combater o terrorismo, no âmbito da missão da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), a SAMIM, nas siglas em inglês, mereceu pouco destaque na nota.
“Os dois Chefes de Estado manifestaram preocupação com o aumento do número de mudança inconstitucional de governos no continente africano, incluindo nas repúblicas do Mali, Burkina Faso e Guiné, enquanto a situação de segurança na região do Sahel, leste da RDC e partes do norte da província de Cabo Delgado de Moçambique continuam a ser motivo de preocupação”, diz o comunicado, no qual Nyusi e Ramaphosa sublinha a “necessidade de fortalecer a União Africana e as organizações sub-regionais em África com vista a promover a paz, segurança, estabilidade e desenvolvimento sustentável.