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Domingos Simões Pereira responsabiliza chefe das FA pela situação no país e diz que vida dele está em perigo


Candidato Presidencial Domingos Simões Pereira numa reunião com estudantes na Universidade Lusófona em Bissau, 21 Novembro 2019
Candidato Presidencial Domingos Simões Pereira numa reunião com estudantes na Universidade Lusófona em Bissau, 21 Novembro 2019

O presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e de Cabo Verde (PAIGC) responsabilizou o chefe de Estado Umaro Sissoco Embaló por qualquer atentado contra a vida dele e atribuiu ao chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Biagué Na N´tan, a responsabilidade pela actual situação no país.

Ao falar para jornalistas e para centenas de militantes na sede do partido, Domingos Simões Pereira disse que “temos de chamar a atenção do general de que pode estar a ser usado e amanhã é quem terá de responder por tudo o que aconteceu”.

Depois de revelar que conhece Na N´Tan há cerca de 40 anos, o antigo primeiro-ministro foi peremptório ao afirmar que o “principal responsável por esta situação é um homem que eu prezei muito e que durante muito tempo me tratou por sobrinho e que tinha muita estima por mim, mas que a dado passo deste percurso decidiu enveredar por outros caminhos, que se têm traduzido numa oposição ferrenha contra o nosso partido, sem entendermos qual a razão para tal”.

Simões Pereira continuou dizendo ter a imagem do chefe das Forças Armadas como de um homem “íntegro” e que “sempre esteve ao lado da legalidade e da verdade”, de quem esperava mandar fazer “um inquérito rigoroso, sério, isento e competente”.

“Em vez disso, ouvimos ser ordenada a prisão de pessoas, não sabemos baseada em que indícios, casas de pessoas a serem violadas sem mandado judicial, acusações políticas transformadas em sentenças para cumprimento imediato”, acusou Simões Pereira, quem reiterou “ao general” que continua “a ser a mesma pessoa e a violência não faz parte das minhas opções de vida e muito menos os golpes de Estado”.

“Temos de chamar a atenção do general de que pode estar a ser usado e amanhã é quem terá de responder por tudo o que aconteceu”, alertou.

O líder da oposição enfatizou, entretanto, que quando “envolvem elementos estranhos, quando são as Forças Armadas a entrar no jogo, isso muda diametralmente o equilíbrio das forças e enviesa o jogo”.

Alerta à comunidade internacional

“Razão por que temos de reconhecer que não é Sissoco Embaló que nos oprime e quer abusar, mas as forças que são postas ao seu dispor, mesmo quando em claro desrespeito e em violação flagrante da Constituição”, sublinhou Simões Pereira, lembrando que as Forças Armadas viabilizaram a chamada “tomada de posse simbólica” do Presidente da República que, por isso, segundo ele, não respeita as instituições, “nomeadamente a Assembleia Nacional Popular”.

Na sua comunicação, Domingos Simões Pereira afirmou ter alertado o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Nana Akufo-Addo, e o presidente em exercício da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), João Lourenço, que a sua vida está em perigo.

“Se algo de acontecer ou aos meus camaradas perguntem a eles e a Umaro Sissoco Embaló, disse.

O antigo primeiro-ministro também não poupou críticas ao Ministério Público que o considera suspeito de envolvimento no caso “Resgate”, alegadamente de corrupção durante o Governo do PAIGC, e que emitiu uma recente medida de coação que o impede de deixar o país.

Entretanto, na quinta-feira, 22, a Mesa da Assembleia Nacional Popular rejeitou a “decisão de fere gravemente a tutela da imunidade parlamentar constitucionalmente assegurada à ANP e por via disso aos seus membros, para além de transportar outros vícios mais gravosos” e pede ao Ministério Pública para se “retratar do despacho em causa”.

A VOA contactou o Estado-maior das Forças Armadas, mas o porta–voz remete uma eventual reacção para mais tarde, depois de reunir todos os elementos da conferência de imprensa de Domingos Simões Pereira.

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