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Cabo Delgado: Captura da principal base dos terroristas não é o fim da guerra


Soldados ruandeses em partulha perto do complexo da Total em Afungi, Cabo Delgado
Soldados ruandeses em partulha perto do complexo da Total em Afungi, Cabo Delgado

Renamo considera vitória importante mas alerta que a luta contra o terrorismo está longe do fim

Tropas conjuntas de Moçambique e da África do Sul, integradas no contingente da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), SAMIM, na suas siglas em inglês, dizem ter ocupado a base dos jihadistas no distrito de Macomia, em Cabo Delgado, onde se encontrava Bonomado Omar, tido como um dos principais líderes da insurgência.

A Renamo, na oposição, diz, entretanto, que tal vitória está longe de significar o fim da violência no norte do país.

Cabo Delgado: Captura da principal base dos terroristas não é o fim da guerra
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A televisão pública, TVM, noticiou nesta terça-feira, 28, que a ocupação resultou de uma grande operação levada a cabo nos últimos dias pelas forças conjuntas no distrito de Macomia.

Ao citar fontes militares no terreno, a TVM avança que quando as tropas conjuntas chegaram à base, Bonomado Omar já tinha fugido para a vizinha Tanzânia ou para a província do Niassa, juntamente com um grupo de residentes.

Refira-se que os Estados Unidos da América descreveram Bonomado Machude Omar, como líder dos departamentos de Assuntos Militares e Externos do ISIS-Moçambique, ou Estado Islâmico-Moçambique, comandante sénior e coordenador principal de todos os ataques realizados pelo grupo no norte do país.

Entretanto, a Renamo, na voz do seu porta-voz, José Manteigas, diz que apesar da ocupação de uma das mais importantes bases da insurgência, a luta contra o terrorismo ainda vai levar muito tempo.

Ele anota que o terrorismo tem características de guerrilha, pelo que ocupar uma base dos terroristas, "não significa, necessariamente, uma vitória, e não nos surpreende que a qualquer momento possa haver acções de grande envergadura dos jihadistas".

Contudo, para o principal partido da oposição moçambicana, a ocupação da base de Bonomado Omar, considerada estratégica no contexto da actuação jihadista, "é um sinal importante na conquista da paz, porque todos nós queremos que termine o sofrimento a que estão sujeitos os nossos compatriotas em Cabo Delgado, Niassa, Nampula e Zambézia".

Por seu turno, em conversa com a VOA, o sociólogo Francisco Matsinhe, considera que, sendo um desenvolvimento positivo a ocupação de uma das principais bases da insurgência, isso não resolve o problema da violência em
Cabo Delgado porque há vários factores a ter em conta neste conflito.

"Um dos factores tem a ver com a pobreza, incluindo a falta de empregos sobretudo para a juventude, porque é muito fácil aliciar jovens desempregados numa perspectiva de futuro pela frente, mesmo sabendo-se que algumas das promessas são falsas", realça o também analista político.

Refira-se, entretanto, que a SAMIM tinha anunciado a 23 de Dezembro a tomada de duas bases dos insurgentes, a morte de 14 terroristas e o resgate de 13 pessoas de um cativeiro no distrito de Macomia.

A força afirmou na altura que a operação começou a 22 de Novembro.

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