A menos de 24 horas do Tribunal Superior de Gauteng, em Joanesburgo, pronunciar-se sobre a contestação do Fórum para a Monitoria do Orçamento (FMO) à extradição do ex-ministro das Finanças Manuel Chang para Moçambique, analistas em Maputo dizem que em todos os processos em que o antigo governante tiver que ser ouvido, em Maputo ou em Nova Iorque, em presença, a qualidade de recolha dos elementos de prova será maior.
O antigo ministro moçambicano das Finanças é uma figura central no chamado escândalo das dívidas ocultas, tendo em conta a função que exercia à altura da montagem de toda a operação que mobilizou este endividamento.
"Manuel Chang é uma figura incontornável neste processo", diz o jurista José Machicame.
Por seu turno, o analista político Lucas Ubisse considera que neste momento já não é muito relevante a questão de se saber se Manuel Chang volta para Moçambique ou se vai para os Estados Unidos porque o importante é ele seja ouvido em presença. "Isso é que é importante para mim", realçou.
Entretanto, vários observadores da polícia moçambicana consideram bastante difícil fazer qualquer previsão relativamente àquilo que poderá ser a decisão do Tribunal Superior de Gauteng, mas o investigador do Centro de Integridade Pública, Borges Nhamirre, afirma que se Pretória decidir extraditar o antigo ministro para os Estados Unidos as relações com Maputo serão afectadas.
Manuel Chang foi detido na África do Sul em Dezembro de 2018 a pedido das autoridades norte-americanas que o acusam de crimes financeiros e subornos no esquema da contracção ilegal de uma dívida de 2,2 mil milhões de dólares.
Em causa, financiamentos a favor das empresas MAM, ProIndicus e EMATUM, sem o aval do parlamento moçambicano e do Tribunal Administrativo, entre 2013 e 2014.
As acusações remontam ao mandato do Presidente Armando Guebuza, no qual Manuel Chang foi ministro das Finanças entre 2005 e 2015.
Este é o maior escândalo financeiro de sempre na história da justiça moçambicana.
Neste momento, decorre em Maputo o julgamento de 19 arguidos pelo seu suposto envolvimento no escândalo e o processo contra Manuel Chang aberto pela Procuradoria-Geral da República é independente.