Alguns analistas dizem que está a ficar cada vez mais claro que existe uma relação entre o narcotráfico e a insurgência em Cabo Delgado, com a incineração, este fim-de-semana, em Pemba, de 250 quilos de droga apreendida em alguns dos locais afectados pela violência armada.
Estudos de várias organizações internacionais já haviam feito referência ao facto de, eventualmente, os insurgentes do Estado Islâmico estarem envolvidos também no narcotráfico, no norte de Moçambique e na vizinha Tanzânia.
Para Egna Sidumo, especialista em assuntos políticos e de segurança, é muito provável que exista uma relação entre o tráfico de drogas e o jihadismo em Cabo Delgado, "porque até agora não se sabe como é que os terroristas têm conseguido financiar as suas actividades, dado que não é fácil sustentar uma guerra".
Controlo de portos
Por seu turno, o sociólogo Moisés Mabunda considera que apesar de não existirem elementos que provem essa relação, não se pode negar esse facto, "porque os americanos já disseram que um dos líderes da insurgência é fabricante e traficante de droga".
Mabunda anotou que, além disso, os terroristas, durante o tempo em que tinham ocupado Mocímboa da Praia, podem ter usado o porto e o aeroporto locais para o tráfico de drogas.
Contudo, para o jornalista Fernando Lima, até agora não há qualquer evidência concreta de consumo de drogas em bases dos insurgentes, nem de que estes, para além da violência e da brutalidade que semeiam em Cabo Delgado, também se dedicam ao tráfico de drogas.
Mas Sidumo entende que a facilidade com que a droga circula em Cabo Delgado e noutros pontos de Moçambique, se deve à falta de controlo dos portos e das fronteiras moçambicanas por parte do Estado.