Na celebração, esta quinta-feira, 11, do Dia do Jornalista moçambicano, alguns profissionais da comunicação social denunciaram situações de perseguição e ameaça, e disseram que a detenção de Amade Abubacar é um sinal de que o poder político não quer que os jornalistas exerçam livremente as suas actividades.
Ouvidos pela VOA a propósito desta data, os jornalistas disseram que Moçambique possui uma das leis de imprensa mais progressistas de África, e a detenção de Amade Abubacar não dignifica o país.
Abubacar encontra-se detido desde 05 de Janeiro findo, na província nortenha de Cabo Delgado.
"Preocupa-nos o facto de termos, neste momento, um jornalista detido, sem julgamento, em Cabo Delgado, uma província onde é difícil exercer a actividade jornalística", disse o sociólogo e jornalista Francisco Matsinhe.
O MISA-Moçambique, instituto de monitoria da liberdade de imprensa, diz que há mudanças, "mas, infelizmente, ainda há sectores da sociedade que não compreendem muito bem qual é o papel que os jornalistas têm que desempenhar, e às vezes sofrem pressões que em alguns casos culminam em detenções arbitrárias".
Para Fernando Mbanze, editor do Mediafax, com a detenção do jornalista Amade Abubacar, o poder político quer coartar a liberdade de imprensa em Moçambique.
Mbanze realçou que "relativamente ao jornalista Amade Abubucar, todos os advogados que foram abordados sobre este caso, foram unânimes em afirmar que a sua detenção revela um comportamento intransigente, que não se pode permitir de um Estado, porque foi uma detenção ilegal. A própria procuradoria reconheceu que a detenção foi ilegal, mas ele continua detido até hoje e ele foi detido em pleno exercício da profissão".
Entretanto, Francisco Matsinhe considera fascinante a profissão de jornalista, mas chama atenção para o facto de que esta é uma profissão de alto risco, lembrando que Carlos Cardoso foi morto por ser jornalista. "É uma profissão de alto risco mas aquilo que se paga a jornalistas em Moçambique é uma vergonha", disse.
Onze de Abril marca a data da criação, há 41 anos, da Organização Nacional dos Jornalistas-ONJ, hoje transformado no sindicato dos jornalistas moçambicanos.