O escritor moçambicano Adelino Timóteo lança, em março, na cidade da Beira, o livro “Os Últimos Dias de Uria Simango”.
Uria Simango, pai do actual edil da Beira, Daviz Simango, foi um dos líderes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), na luta pela independência nacional, na década de 1960.
Consta que Simango foi extrajudicialmente executado pela própria Frelimo, após a independência, em 1975, por alegada traição. Foi um dos chamados reaccionários pelas autoridades de Maputo.
O mesmo aconteceu com a sua esposa Celina Simango e outros dissidentes da Frelimo.
Na pesquisa, o escritor Adelino Timóteo conta o percurso de um Simango diferente do que a Frelimo sempre apresentou.
“Eu descobri que Uria Simango não é aquela pessoa que dizem que foi ‘vende pátria´, que se entregou aos portugueses para vender a independência nacional”, diz o escritor Timóteo.
Nesta entrevista, Timóteo fala também de um Simango tido pelos portugueses como “um individuo muito radical, mais radical do que Eduardo Mondlane (…) uma figura incompreendida, e em termos de nacionalismo, difícil de manipular”.
Com o livro, Timóteo pretende ajudar a compreender a figura de Uria Simango, fora da classificação habitual de “reacionário”.
Acompanhe:
Adelino Timóteo decidiu escrever o livro após a frustrada busca de informação sobre o seu pai, Francisco Timoteo Zuca, no Arquivo Nacional da Torre de Tombo, em Portugal.
O antigo membro da Frelimo, conta Timóteo, foi recolhido, em sua casa, na cidade da Beira, em 1975, por militares desta frente.
Poucos anos depois, a família nunca mais soube do seu paradeiro, apesar de petições para “pelo menos ter os restos mortais”, como diz Timóteo.
Nos últimos 15 anos, o livro de Timóteo é o segundo sobre o reverendo e nacionalista Uria Simango. Em 2004, Barnabé Lucas Ncomo lançou “Um Homem, uma Causa”.