As viagens do Presidente brasileiro durante o seu mandato, que termina no fim do ano, mostram a mudança na política externa do país.
Um levantamento feito pela VOA das viagens de Jair Bolsonaro ao exterior mostram como a agenda de relações internacionais mudou no Brasil sob o comando dele.
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Nos primeiros 38 meses das gestões de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula Silva e Dilma Rousseff, a América do Sul foi o continente mais visitado, com a vizinha Argentina na liderança.
No Governo Bolsonaro, esse posto ficou com a Ásia, com predomínio para países do Médio Oriente.
Entre os últimos quatro presidentes, Bolsonaro foi o que menos visitou países: 26 vezes.
Os Estados Unidos lideram a lista, com cinco visitas, a maioria para estar com o então Presidente Donald Trump.
O professor de Relações Internacionais, Vinicius Ferreira, explica que isso parte de uma mudança de como o Governo brasileiro se insere na política externa.
“Bolsonaro priorizou Trump e Putin por uma visão ideológica. São pares que compartilham a visão dele”, explica aquele especialista.
Outro dado muito curioso, é que vai ser a primeira vez que um Presidente brasileiro não visita oficialmente nenhum país africano durante o seu mandato.
Países como Angola e Moçambique receberam os últimos três presidentes brasileiro.
Para vários analistas, esta tendência mostra um afastamento do Brasil da África.
“Ele tem uma visão de mundo que coloca o Brasil ao Ocidente - mesmo não sendo - e se afasta de parceiros históricos”, explica o professor Vinicius Ferreira, embora não é esta visão que o mundo tem do Brasil.
Ele acredita que se for eleito outro Presidente, a partir de 2023 a política externa brasileira será diferente.
As visitas, não muitas, têm sido ao nível do chefe da diplomacia.
Nesta semana, o ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, esteve em Angola, onde analisou o reforço das relações políticas e económicas entre os dois países.
Apenas o vice-Presidente, Hamilton Mourão, esteve em Angola, para onde, no entanto, se deslocou para participar na cimeira da CPLP de 2021.