O Movimento de Mulheres de Direitos Cívicos e Políticos, (MMDCP), de Angola, exige do Governo melhores políticas sociais para ajudar as mulheres vendedeiras no pais.
Este grupo cívico composto por mulheres académicas e activistas cívicas e sociais denuncia agressões, maus-tratos e assédio sexual contra as chamadas zungueiras.
Os casos multiplicam-se e continuam a aumentar.
A zungueira Emília Cassinda Emilio, mãe e avó. diz ter sido brutalmente agredida na esquadra do Benfica, em Luanda, por supostamente “ter quebrado” os óculos do comandante da Unidade, aquando foram expulsas daquela zona.
Veja Também Associação de Vendedores Ambulantes cria fundo para financiar filiados e retirar zungueiras das ruas“Foi no dia 7 de Junho, quando estávamos a vender, os fiscais e a polícia vieram e nós corremos para o outro lado, como havia outros fiscais que entraram num quintal e tiraram uma moça que começaram a maltratar, então todas nós paramos para ver e naquele momento ninguém contava que à nossa frente estava o comandante, assustamos, as outras fugiram e eu fui surpreendida pela carrinha, atirei o meu negócio para o chão”, contou a vendedeira que ao chegar à esquadra ouviu dos fiscais “você partiu os óculos do comandante e feriu o comandante”.
”Eu disse não vi ninguém à minha frente, ai começaram a bater, me levantaram a primeira vez, a segunda, a terceira, quando na quarta vez me atiram na cadeira gritei que me tinham partido a perna”, acrescentou Emilia que ficou “presa três dias”.
Veja Também OMA leva campanha de microcrédito às “zungueiras”Questionada por que razão insiste em vender na rua, ela disse que “este nosso negócio tem de ser mesmo na rua”.
Emília Cassinda Emílio, que sustenta filhos e netos com a venda ambulante, diz que os agressores não foram responsabilizados e que sem a venda ambulante passa agora por momentos difíceis.
"Tenho órfãs e tenho os mesmos filhos desde o ano passado, eles não estão a estudar”concluiu.
Jurelma Banda, membro do Movimento de Mulheres de Direitos Cívicos e Políticos de Angola, conta que “a par desta, Juliana Cafrique foi morta por outro agente da polícia, o julgamento não foi favorável, não foi público e os familiares continuam a reclamar por justiça”.
A VOA tentou falar com o comandante-geral da PN, comissário-geral Arnaldo Manuel Carlos, mas sem sucesso.
Desde o dia 31 de Janeiro, está proibida a venda em importantes vias de Luanda, com o governador provincial, Manuel Homem, a dizer que quer pôr fim à venda ambulante na capital.