No Zimbabwe e noutros países, inicia hoje a campanha de 16 dias de activismo contra a violência baseada no género, que afecta em grande parte as mulheres e crianças.
Your browser doesn’t support HTML5
Neste país, os activistas estão preocupados com os casamentos prematuros, prática bastante comum, apesar de ter sido declarada ilegal este ano.
Dados divulgados esta semana indicam que cerca de cinco mil crianças zimbabweanas abandonaram a escola este ano por causa de casamentos prematuros.
As autoridades, Nações Unidas e activistas estão preocupados. O ideal, dizem, seria as meninas continuarem na escola para terem melhores oportunidades na vida.
Zivai Makanda, da ONG Zimbabwe Girls Legacy, disse que os números fazem a sua organização mudar o foco. Agora querem procurar entender as raízes primárias da desistência escolar, que incluem a pobreza, cultura e abuso no seio familiar.
Este ano, o Tribunal Constitucional do Zimbabwe decretou que é ilegal casar antes dos 18 anos.
Kumbirai Kahiya, que gere uma rede de empoderamento da mulher, diz que as leis sozinhas não poderão mudar nada.
Diz Kahina, que na cultura local se uma rapariga engravida, espera-se que case.
“O facto de o Tribunal Constitucional ter decretado que o casamento não pode acontecer antes dos 18 anos é salutar, mas é preciso garantir que as leis sejam implementadas”, sublinha.
Kahina sugere que “para isso acontecer, o governo deverá continuar a trabalhar com as organizações e comunidades para travarem os casamentos de crianças”.
Zimbabwe é um dos quatro países da África austral com alta taxa de casamentos prematuros, conforme dados do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) e Plan International. Os outros são Malawi, Moçambique e Zâmbia.
Pobreza, religião e tradição são os principais condutores de casamentos prematuros no Zimbabwe, onde mais de um terço de meninas casa antes dos 18 anos.
O UNFPA considera o casamento prematuro uma violação dos Direitos Humanos, uma visão que pelas indicações não parecer ser partilhada por muitos zimbabweanos.