A tragédia ocorrida depois do espectáculo musical de Benguela, que culminou com vários mortos e feridos na madrugada de domingo, 16, é passível de responsabilização civil e criminal, cabendo ao Ministério Público a condução do inquérito.
Your browser doesn’t support HTML5
Esta é a apreciação do jurista Viriato Nelson Albino, feita no dia em que a organização quebrou o silêncio, demarcando-se de culpas.
Um dia após o anúncio da abertura de um inquérito, feito pelo porta-voz do Comando Provincial da Polícia, Pinto Caimbambo, Albino defende a entrada em cena da Procuradoria-geral da República, o fiscal da legalidade.
“Porque a Polícia faz parte deste aparelho (Ministério do Interior), tem de ser a PGR, enquanto entidade equidistante, a abrir um inquérito’’, diz o jurista, que lembra a superlotação do palco como factor capaz de tramar a LS Republicano.
No terreno, o director regional da empresa organizadora do evento, Bruno de Castro, assegura indemnizações, mas lembra que os bens não apagam a mágoa de quem viu partir familiares
“Distribuímos as urnas e, agora, vamos reunir os familiares. Não é importante revelar os valores, vamos tratar disso com os próprios familiares, não com a sociedade’’, garante Castro.
A verdade é que as coisas não estarão a este ritmo, uma vez que existem queixas de falta de seriedade da empresa de Nino Republicano, como diz Daniel Waia, familia de uma das vítimas.
“Temos apenas as urnas, mas faltam outros apoios, financeiros e materiais, tal como eles prometeram. Já não conseguimos falar com a organização, há pessoas que não conseguem levar os seus corpos para os locais dos óbitos’’, indica Waia, que diz esperar por justiça depois dos funerais.
Fala-se muito do número de cadáveres que chegaram à morgue do Hospital de Benguela, o foco de todas as atenções.
Todavia, são cada vez mais notórias as evidências de que as mortes serão superiores às oito oficialmente conhecidas, podendo ultrapassar as duas dezenas
“Também me apercebi que há pessoas que não conseguiram chegar ao Hospital de Benguela, tendo morrido no Lobito e na Baía Farta. Assim, é possível que o número de mortes seja bem superior’’, conclui Waia.
A polícia invalidou o comunicado que fez sair ainda no domingo, em que dava conta de sete mortos, antes de ter apontado para oito algumas horas mais tarde.