Analistas políticos angolanos atribuem a provável visita do Presidente americano, Joe Biden, a Angola, à disputa entre as grandes potências por novo espaços de cooperação política e económica no continente africano.
A visita, no entanto, é apontada como ganho para a imagem de Angola e uma vitória para João Lourenço.
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Alguns alertam, entretanto, que a visita pode perder algum peso por envolver um Presidente em fim de mandato.
Sérgio Calundungo, responsável do Observatório Político e Social. enquadra a visita de Biden na atual disputa entre as grandes potências mundiais pelo posicionamento geoestratégico em muitas partes do mundo e da “preferência das autoridades angolanas por um dos players mundiais”.
Veja Também Cimeira empresarial Estados Unidos-África realiza-se em Luanda“Sabemos que do ponto de vista político e da cooperação internacional e da geoestratégia há uma competição muito grande entre os Estados Unidos, a Rússia e a China em termos de posicionamento em determinadas partes do mundo e a visita pode assinalar que há uma preferência das autoridades angolanas por um dos grandes players mundiais”, afirmou Calundungo.
Do ponto de vista económico, Calundungo alerta para “falsas expetativas para não ficarmos frustrados”.
“Pensar que muitos dos nossos problemas vão ficar automaticamente resolvidos e que os EUA vão passar a investir mais e que vai haver muitos recursos…Não podemos cair em falsos triunfalismos porque muitos investimentos vêm condicionados a uma série de práticas e atitudes e Angola não tem um bom histórico na relação com outros povos em investimentos”, concluiu aquele analista politico.
Para o economista Pedro Godinho, a anunciada primeira visita oficial de Biden traduz o reconhecimento, por parte do Governo americano e do seu Presidente, da importância do papel que Angola pode desempenhar na região africana “como um aliado certo das grandes potências ocidentais”.
“É o corolário de uma relação que se tem vindo a desenvolver de forma gradual e sustentável. Isto quer dizer que Angola tem um futuro promissor se a nossa liderança for capaz de capitalizar as oportunidades terá”, sublinhou o também líder da Câmara de Comércio Angola - Estados Unidos.
Na visão de Pedro Godinho, “os americanos, de uma forma geral, não se concentram num determinado país, em qualquer parte do mundo”.
Aquele economista entende que projetos como o Corredor do Lobito poderão surgir para os vários setores da economia, sendo que Angola também tem a possibilidade de se “transformar numa âncora energética na região com capacidade para produzir energia suficiente para poder fornecer os outros países”.
O jurista e especialista em relações internacionais Sebastião Vinte e Cinco entende que a visita pode melhorar a imagem externa do país e do seu Presidente
“É uma vitória pessoal do Presidente João Lourenço que terá investido muito mais no plano externo para melhorar a sua imagem lá fora a garantir eventualmente o seu futuro depois de deixar a presidência”, aponta.
Para Vinte e Cinco, a vista é o resultado de grandes investimentos em imagem para que a mensagem do Presidente João Lourenço e da sua estratégia diplomática e de alteração dos parceiros estratégicos de Angola no plano internacional chegassem às mesas dos mais próximos colaboradores do Presidente Biden”.
Ainda assim, ele considera que a visita perde a importância por ser de um Presidente em fim de mandato.
“O facto de vir nestas condições diminui a importância da visita que poderá ser minimizada (...) caso o Trump ganhe as eleições, em princípio poderá haver um arrefecimento ou uma suspensão das relações”, conclui Sebastião Vinte Cinco.
Na sexta-feira, 13, a agência Reuters citou três fontes conhecedoras dos planos da visita que deve acontecer em outubro, mas a Casa Branca não comentou.
A Voz da América contactou anteriormente, na quinta-feira,11, a Presidência de Angola por email que, em resposta, também não confirmou a visita.
No mesmo dia, no programa Washington Fora d’Horas, da Voz da América, questionado sobre o nível das relações entre os dois países, o embaixador de Angola nos Estados Unidos, Agostinho Van-Dúnen, disse que “estamos no melhor momento das nossas relações”.