A Rede Nacional de Luta contra a Violência na Mulher da Guiné-Bissau revela ter registado 46 casos de violência contra mulheres em 2018.
Entre os casos foram registadas situações de violência física, psicológica e sexual, e casamentos forçados e precoces.
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Aida Fadia é a face da história de mulher guineense, que ao longo de anos, foi vitima de violência doméstica.
Paramilitar em activo, a convivência de Aida Fadia com o marido sempre foi marcada pela tortura psicológica e marginalização.
“Como uma mulher instruída não ia aceitar, mas tinha mesmo de me submeter a certas situações de violência. Relativamente a violência física, nunca me bateu, mas, psicologicamente, já me violou várias vezes)”, conta Fadia à VOA..
Hoje, Aida Fadia é um exemplo de resistência.
“Enquanto pessoa, tomei a consciência de que não posso admitir uma pessoa, como eu, a estar-me a dar um tratamento desumano. Jamais aceitarei isso”, garante.
Todavia, perante os casos que deram entrada na Rede Nacional de Luta contra a Violência na Mulher e Criança, a mais importante organização que pugna pela defesa dos direitos das mulheres, alguns especialistas consideram haver progressos significativos, se se comparar ao quadro dos anos transactos.
Em 2018, oficialmente, ao que apuramos junto a esta Rede de Luta contra a Violência na Mulher, dos 46 casos, reportados, contam-se 12 de violência psicológica, quatro de agressão sexual, nove casamentos forçados e seis casamentos precoces, em quecrianças são obrigadas a se casarem com homens escolhidos pelos seus familiares.
Este números, no entanto, não espelham a realidade dos factos porque muitos casos não chegam às entidades oficiais.
Odília Vaz, activista de direito das mulheres na Guiné-Bissau, considera que a violência física continua a inspirar maior preocupação.
“É a violência do homem para a mulher. A mais predominante é a física, pois ela existe em todos os sectores: dentro de casamento e nos espaços públicos, que é mais frequente”, afirma Vaz..
Apesar de alguns progressos, as mulheres guineenses continuam a ser vitimas de violência no ano em que viram a Lei de Paridade ser aprovada pelos deputados e que permite maior número de acesso das mulheres ao Parlamento e aos governos regionais.