Violência generalizada paralisa Grande Vitória no Brasil

  • Patrick Vaz

Familiares apoiam greve de agentes da polícia

Greve da polícia deixa capital do Estado do Espírito Santo vazia e abre caminho a criminosos

Os brasileiros acompanham estarrecidos à onda de violência no Estado do Espírito Santo.

Desde o fim de semana, quando a Polícia Militar interrompeu os trabalhos em protestos por melhores salários, o que se vê na Grande Vitória são dezenas de assaltos e roubos a comércio e transeuntes, assassinatos e arrastões.

Escolas, postos de saúde e autocarros continuam sem funcionar na Grande Vitória e noutras regiões do Estado e registaram-se 121 mortos.

De acordo com o Sindicato da Polícia Civil do Espírito Santo, 200 veículos foram roubados apenas na segunda-feira, 6, e mais de 90 pessoas foram assassinadas de forma brutal desde o início do movimento das forças de segurança.

A população na Grande Vitória virou refém do medo e quem está nas ruas aproveita a ausência da polícia para praticar actos ilícitos.

Nas redes sociais é fácil encontrar vídeos de saqueadores do comércio, carregando de tudo, desde alimentos aelectrodomésticos.

Para a socióloga Lucia Lamounier, a população deixou de lados os seus valores, a questão social.

Para ela, não adianta ser contra a corrupção se no dia a dia a sociedade pratica determinadas acções ilegais em prol do próprio benefício.

“A segurança pública não é apenas uma questão da polícia. Não é apenas por uma polícia estar actuando que devemos nos comportar de uma maneira adequada, a gente não deve pegar aquilo que é do outro. Não acho que é um lado ruim do ser humano, mas o lado social. É uma questão neste momento da sociedade brasileira fazer uma reflexão sobre quais são os nossos valores, que país a gente quer. A gente não quer corrupção, mas no quotidiano às vezes temos actos corruptos. A gente suborna alguém, fura uma fila, faz alguma coisa, enfim, que reflete corrupção”, disse.

A especialista condena a expertise dos brasileiros que, sempre que possível, procura tirar vantagem sobre os outros.

“Mesmo que a polícia não estava em greve no Espírito Santo ela não estava em todos os lugares porque agora aquilo virou um cenário de guerra total. Não é porque a polícia está em greve e sim uma ausência do valor social, daquilo que é público. Um país, uma sociedade mais segura é construída por todos nós e não apenas pela presença da polícia”, concluiu a socióloga.

Policias acusados

Nesta sexta-feira, 10, o secretário de Segurança Pública, André Garcia, afirmou que 703 agentes policiais foram acusados pelo crime de revolta.

"A amnistia não é um acto do Governo estadual, mas do Governo federal. Mesmo se fosse, não é um caso de amnistia", afirmou Garcia em entrevista à imprensa.

O secretário disse que ainda que três mil militares vão estar nas ruas do Espírito Santo hoje, mas destacou que vai pedir mais efectivos.

Pelo sétimo dia, o Estado do Espíito Santo vive uma onda de violência que já deixou 121 mortos.