O drama das deportações para Cabo Verde, na sua grande maioria dos Estados Unidos, tem tido consequências a várioas níveis. A começar pelos deportados, pelas famílias que ficaram nos países de emigração e nas famílas nas ilhas, mas também na sociedade cabo-verdiana e na imagem que se tem dos mesmos.
Muitos ligam os deportados a crimes como assaltos à mão armada ou tráfico de drogas, mas o sociólogo cabo-verdiano Redi Lima considera que essa visão deve ser alterada, já que muitos casos de cidadãos deportados para o arquipélago, sobretudo dos Estados da Unidos, têm por trás condenações por violência doméstica.
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Reidi Lima diz não existir nenhum dado concreto que indique de que esses cidadãos são os responsáveis pelo aumento de crimes em Cabo Verde.
Para o sociólogo e professor universitário, é evidente a imitação de alguns jovens que vivem no país em relação à forma de estar e comportamentos de determinados cidadãos deportados.
No entanto, esse facto por si só, "não nos dá direito de fazer a ligação directa entre os deportados e o aumento da criminalidade", explica Lima.
A própria ministra das Comunidades Fernanda Fernandes também não sabe se existe uma ligação directa entre os deportados e o aumento da criminalidade no arquipélago.
Embora reconheça a legitimidade de cada Estado aplicar as respectivas leis, o sociólogo Reidi Lima entende que há casos que não merecem a deportação.
Aquele especialista considera que o Governo cabo-verdiano deve encetar mais negociações com os países que acolhem os nossos emigrantes, no caso concreto os Estados Unidos, para tentar encontra alguma alternativa.
Questionado a propósito, a ministra das Comunidades afirma que Cabo Verde tem pouca margem de manobra no sentido de influenciar os países de acolhimento a não deportarem cidadãos cabo-verdianos.
Fernanda Fernandes destaca a necessidade de se jogar no campo da prevenção.