Dezenas de antigos combatentes e viúvas de veteranos da pátria na província angolana de Benguela concentraram-se nesta quarta-feira, 07, à porta do departamento ministerial afim, num protesto contra o atraso das pensões de Janeiro, com gritos de fome nas suas famílias.
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Foram mais de cinco horas no Gabinete Provincial dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, tendo a manifestação sido marcada também por críticas relativas ao não aumento das pensões, fixadas em 23 mil Kwanzas (quase USD 30), dez mil Kwanzas abaixo do salário mínimo nacional.
“Ficam a fugir das pessoas, será que virámos animais?", inerrogou um dos manfiestantes que disse que não só recebem pouco como o fazem com atrasos
Houve momentos de tensão no Complexo Administrativo do Governo Provincial de Benguela, que congrega vários departamentos ministeriais, com o grupo de antigos combatentes a realçar que o atraso de quase trinta dias está a provocar um cenário de fome em casa.
Exibindo os seus cartões, os mais velhos Sapalo e Ana Matias lamentaram uma situação do género pouco depois do 15 de Janeiro, dia do antigo combatente, e do 4 de fevereiro, aniversário do início da luta armada, em 1961.
“A minha vida corre mal, saí da Bela Vista a pé, olhem só para a minha situação, combati pela pátria em várias frentes, velho e passo mal aqui”, disse Sapalo, enquanto a senhora Ana repetia que “estamos mal sem dinheiro, não podemos dar de comer os filhos porque o arroz já está 25 mil”.
Presume-se que metade dos cerca de dez mil pensionistas inscritos em Benguela esteja nestas condições.
A VOA conversou com um dos poucos que viram nas suas contas 50 por cento dos 23 mil Kwanzas
Um mutilado de guerra disse ter se deslocado ao local “de motorizada e estou aqui no chão".
"Será que querem me ver assim?”, questionou o idoso, acrescentando que “não faço nada com a metade que recebi”.
O Gabinete Provincial, segundo os manifestantes, tentou acalmar os ânimos com garantias de pagamento fora do circuito bancário, mas nem isso serviu, acabando mesmo por levantar outras questões
“Se sempre recebemos no banco , não entendemos como querem nos dar em mãos. Temos contas, isso não está bom, alguma coisa …”, disse uma viúva.
Funcionários dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria disseram que não tinham autorização para prestar declarações, realçando que o director provincial não se encontrava nas instalações.
Numa curta declaração enquanto trabalhava fora do seu gabinete, não gravada, Jorge Sapessi ressaltou que o problema não depende do director, sendo central.
No fecho de 2023, assim como na abertura do ano em curso, o ministro da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos “Liberdade”, defendeu soluções sustentáveis para a melhoria das condições sociais dos antigos combatentes e veteranos da pátria e suas famílias.