Venâncio Mondlane vai apresentar sua "agenda" para encontro com Filipe Nyusi

  • VOA Português

Candidato presidencial Venâncio Mondlane, apoiado pelo Podemos, mostra o dedo com tinta indelével depois de votar para as eleições gerais de 9 de outubro 2024

Candidato presidencial diz que agenda tem 20 pontos e foi elaborada a partir de 40 mil propostas de cidadãos

O candidato presidencial em Moçambique Venâncio Mondlane diz que vai dialogar com o Presidente da República, mas que irá submeter a sua agenda porque não quer ir ao “encontro no vazio”.

Ao falar na sua página no Facebook, após Filipe Nyusi ter reiterado o convite feito na terça-feira, 19, aos quatro candidatos presidenciais para um encontro visando solucionar a crise pós-eleitoral, Mondlane afirma que “aceita sem reservas esse diálogo, mas como qualquer encontro institucional tem de ter uma agenda”.

Tal agenda, disse Mondlane, será submetida ao Gabinete de Nyusi “amanhã, sexta-feira, nas primeiras horas”, e tem a contribuição de milhares de moçambicanos.

De acordo com a sua intervenção, ele elaborou uma agenda com 20 pontos, que acredita representarem anseios do povo, a partir de mais de 40 mil propostas.

O político, que reivindica vitória nas eleições presidenciais e convocou manifestações em todo o país, acrescenta que a referida agenda será posteriormente divulgada “para perceber o sentimento do povo” e promover a transparência.

Mondlane conclui que o encontro deve ser aberto a jornalistas e representantes da sociedade civil porque quer "evitar aqueles diálogos que iam a 100 rondas e o povo não sabia”.

O convite do Presidente da República, feito durante uma mensagem à nação na terça-feira, foi reiterado ontem à sua chegada a Maputo depois da cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral em Harare, Zimbabwe.

"Se não aparecerem é porque não querem fazer parte da solução", afirmou Filipe Nyusi aos jornalistas.

Renamo diz não ter sido convidado

Antes, o porta-voz da Renamo, Marcial Macome, disse que o partido não recebeu qualquer convite formal do Chefe de Estado, não sabia qual é a agenda desse encontro e que o partido só participará numa eventual reunião depois de o Conselho Constitucional decidir pela anulação das eleições e "pensar-se num modelo de Governo de gestão do país’’.

Os protestos irromperam por Moçambique depois das comissões eleitorais provinciais começaram a dar resultados das eleições que apontavam para uma vitória esmagadora do candidato presidencial da Frelimo, Daniel Chapo.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), afirmou na altura que as atas das assembleias de voto lhe davam a vitória por 53 por cento.

Protestos, mortes, prisões e processos-crimes

Depois da Comissão Nacional de Eleições ter confirmado a vitória de Daniel Chapo e também da Frelimo nas legislativas e nas eleições para governadores provinciais, Venâncio Mondlane convocou protestos em todo o país, ao mesmo tempo que recorreu ao Conselho Constitucional, alegando ter ganho as eleições.

Confrontos entre manifestantes e a polícia resultaram em 19 mortos, segundo o Presidente da República e mais de 50, de acordo com a oposição, e mais de 800 feridos.

Mais de 500 pessoas foram detidas e 202 já foram alvo de processos criminais por parte da Procuradoria-Geral da República que, também, pediu uma indemnização de cerca de 32 milhões de meticais (cerca de 500 mil dólares) a Venâncio Mondlane e Albino Forquilha, presidente do Podemos, por alegados danos patrimoniais.